A mulher de César não basta ser honesta, deve parecer honesta
Causa um silêncio com significado o fato da renomada colunista do portal UOL, Mônica Bergamo, ter relacionado uma lista de ministros com probabilidade de serem substituídos, sem constar o nome do polêmico ministro de Portos e Aeroportos, Sílvio Costa Filho (Republicanos), tendo em vista a incerteza que se assiste no Porto de Santos, o principal complexo portuário do hemisfério sul. A denúncia do senador da República, Alexandre Luiz Giordano (MDB), que lhe fez graves e amplas acusações sobre propinas, sem provas nem retratação, até agora, abrange um negócio de mais de R$ 20 bilhões de investimentos. Porém. do seu governo, o presidente Lula só quer boa notícia.
Veja mais: Lula, atenção aos ruídos que vêm do Porto de Santos
Segundo a Bergamo, Lula está insatisfeito com governo e estuda reforma ministerial. Quando em 2 de fevereiro, último, comemorou-se os 132 anos do Porto de Santos, o senador Giordano foi a única autoridade presente não anunciada. No mesmo evento, o governador do Estado de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos) ao se pronunciar, foi fortemente vaiado por um grupo organizado e com camisetas uniformes, parte de uma plateia de acesso todo controlado. O Presidente, como anfitrião, ficou descontente com tamanha baixeza e, de imediato, passou uma severa raspança, que se deduz, no ministro de Portos.
Veja mais: Debater a Antaq e regionalizar os portos
O presidente do partido Republicanos é o bispo da Igreja Universal do Reino de Deus, Marcos Pereira, que almeja suceder o atual Presidente da Câmara dos Deputados do Brasil, Arhur Lira (Progressistas-PP), cujo mandato finda neste ano. Um quadro forte e que pode justificar a blindagem do ministro de Portos, não incluído na lista de ministros com probabilidade de serem substituídos. Entretanto, não se percebe, na gestão do Porto de Santos, preocupação com resultados priorizando o Brasil e a produtividade portuária.
Veja mais: Projetos do Porto de Santos sem gestão para acontecerem
Verdadeiras ou não, as denúncias do senador Giordano têm consequência, mesmo com o seu silêncio recente. Além disso, até como uma iniciativa pessoal e prerrogativa, a sua presença na audiência pública das obras para o túnel submerso do Porto de Santos, em Brasília, no valor de R$ 5,8 bilhões, também coincidia com as participações do ministro Chefe da Casa Civil, Rui Costa (PT) e do presidente do Congresso, senador Rodrigo Pacheco (PSD). E cabe perguntar: este cenário teve relação com o calar repentino das denúncias do senador envolvendo o ministro de Portos?
Veja mais: Denúncia que ameaça as obras do Porto de Santos silenciada?
Portanto, o caso da denúncia de propinas nos negócios do Porto de Santos deve receber luz do sol, para ser muito bem esclarecido. Isto exige transparência. Abrir a comissão parlamentar de inquérito -CPI. Um caso que ameaça a seriedade de líderes nacionais, como o presidente do Senado, que não revela alguma medida tomada. E cujo papel implica requerer informação a ministro de Estado. Assim, prejudica o anúncio de realizações do governo Lula, nesta situação que exige mudança radical de rumo e deprecia a política.
Veja mais: Ministro Sílvio Costa Filho causa inquietação no setor portuário
O Artigo 55, parágrafo 1º, da Constituição Brasileira, determina que perderá o mandato o Senador que abusar das prerrogativas que lhe são asseguradas. Entretanto, não se sabe sequer de processo para a condição suspensiva a ser aplicada ao senador Giordano, que jogou lama em abundância sobre propinas no Porto de Santos, sem apresentar as provas. Com foco no presidente do Porto e no ministro de Portos, sobre os quais não podem pairar tais dúvidas e devem mostrar que são sérios, mas, dos quais também não se percebe ações contra o senador. Um quadro que demonstra a improdutividade do modelo da gestão de portos brasileiros e que precisa ser regionalizado.
Veja mais: Regionalização é bem vinda para integrar a administração do porto e o município onde está instalado