Existe uma correlação direta entre conhecimento praticado na organização e o nível de resultado que é atingido (Vicente Falconi)
Uma incerteza, como prenúncio de um fracasso, ronda o programa de projetos do Porto de Santos anunciado pela atual diretoria. São obras aguardadas há décadas e essenciais para aumentar a competitividade do porto. Entretanto, tendo passado quase um ano, o túnel submerso, ligando as margens do canal de acesso, entre Santos e Guarujá, não tem sequer um cronograma consolidado das suas tantas etapas, com racionalidade científica. A dragagem prevista para aprofundamento desse canal beira a judicialização. E, também, seguem imprevisíveis a Av. Perimetral da Margem Esquerda e a proposta de produzir Hidrogênio Verde. Portanto, esses projetos tidos como prioritários pelo governo não demonstram probabilidade de serem inaugurados, neste mandato do presidente Lula.
À entrada do Porto de Santos. Crédito: Acervo Portogente.
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O contrato da dragagem, para aprofundar os atuais 15 para 17 metros, expõe uma gestão de imprevisibilidade e insegurança, como foi a limitação imposta pela Diretoria Executiva da Autoridade Portuária – DIREX, para reverter a renovação desse contrato, sem licitação. Prenuncia judicialização e demora. Nesse sentido, é necessário esclarecer sobre a elaboração do anteprojeto de Dragagem (INPH), com linha de tempo do cronograma com início em setembro de 2023. A análise permite conhecer a verdade dos fatos, melhora as decisões e garante excelentes resultados.
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Outras incertezas, cujas consequências são imprevisíveis, ocorrem na Parceria-Público-Privada (PPP) para o sistema viário da 2ª fase da Av. Perimetral da Margem Esquerda (APME). Um problema de múltiplas variáveis e que há muito aguarda uma solução definitiva. Propõe uma concessão administrativa com prazo de 20 anos, cujo edital tem publicação prevista para outubro de 2024. Com túnel e parcerias totalizam um investimento da ordem de R$ 19 bilhões em três anos. Com certeza, essas soluções há décadas aguardadas, não passam despercebidas pela comunidade do porto nem pela sociedade e, por isso, são um debate permanente.
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A recente demissão do ex-diretor de Engenharia, Carlos Magano, pelo novo ministro Silvio Costa Filho (Republicanos), como estratégia politiqueira, não é coisa de pouca importância. Ex-funcionário e diretor do Porto de Santos, de longa, dedicada e exitosa carreira, bem como liderança, sua dispensa representa grave perda de qualidade na equipe desse projeto. Especialmente por seu conhecimento amplo do sistema e a falta de consistência que se percebe no andar lento e atrapalhado dos projetos.
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O que se assiste é um insucesso anunciado, de pronto, vitima do encadeamento e resistência burocráticos, cuja superação impõe competência diferenciada. As soluções para viabilizar esses projetos são características: exigem engenharia e experiência ampla e robusta de realizar projetos complexos com resultado efetivo para os desafios do Porto de Santos. Diferente das impressões simplistas e enganosas, que há muito norteiam as diretorias desse principal porto do hemisfério sul, com resultados desfavorecendo os objetivos portuários e nacionais.
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Esse programa de obras portuárias de engenharia especializada, com o novo estado de delegação de competências à Autoridade Portuária de Santos, deve se constituir num sistema de gestão com partes interligadas, com função de produzir resultados. O presidente Lula tem o Porto de Santos na memória da sua infância, com capítulos de luta com significado relevante na sua trajetória política exitosa. É preciso realizar a transição desse pujante complexo portuário para ser competitivo na nova realidade portuária mundial. Missão para profissional habilitado.
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