O estadista age a partir de estimativas que não se podem comprovar no momento e será julgado na história pela sensatez com que administrou a transformação inevitável (Henry Kissinger)
A obra do túnel submerso ligando as margens do canal do Porto de Santos, que pode pôr fim uma espera de quase cem anos, como ocorreu com a transposição do Rio São Francisco, no governo Lula, está se transformando em uma guerra imperial semeada entre o Porto de Santos e o governo de São Paulo. Por falta de mediação política à altura do desafio centenário e de competência técnica para avaliar a complexidade da obra, o projeto está fadado a não decolar, mais uma vez, se não forem tomadas providências urgentes.
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Em novembro de 2023, o ministro Sílvio Costa Filho, de Portos e Aeroportos, anunciava pela revista Veja, que Lula e Tarcísio estavam em sintonia administrativa para poder fazer os projetos de interesse do povo de São Paulo e do Brasil. Destacava o túnel Santos-Guarujá. Confirmava as palavras do ex-ministro Márcio França, em setembro, quando deixava o ministério de Portos: “Lula traz Tarcísio e seu partido para nos apoiar no governo”.
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Uma das principais utilidades desse túnel implica mobilidade urbana, muito mais do que o desprezível transporte de cargas apontado por estudos da Escola Politécnica da USP. Assim, também desativar os serviços de travessia do canal com balsas, que cruzam a rota do movimento de navios no porto. Serviço este administrado pelo Governo do Estado. Portanto, essa parceria com o Estado de São Paulo é prioridade lógica a ser resolvida, para evitar afastamento do propósito e o fiasco gigantesco.
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Decerto, o presidente Lula não tem preocupação de que dividir os louros do túnel submerso do Porto de Santos com o governador Tarcísio, do estado mais importante do País, possa enfraquecer a disputa para o seu quarto mandato. Diferente do fracasso de não entregar a obra prometida que, indubitavelmente, desabona seu governo. Está mais do que na hora de dar um basta à irresponsabilidade de gerar crises sucessivas e atrapalhar o andamento de um projeto essencial à competitividade do porto, ao desenvolvimento regional, bem como ao progresso nacional.
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As prioridades do Porto de Santos não podem ser avaliadas como investimentos de baixa qualidade, pela impressão que passam as querelas pessoais da construção do túnel submerso que se acirram. O risco de falar, mais uma vez, de construção desse projeto fracassada discorda do propósito do presidente Lula que quer chegar ao final deste mandato com coisas concretas.
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