Com muito sucesso, foi lançado o fabuloso e magistral livro “Príncipe de Astúrias”, no último 19 de dezembro, na antiga estação ferroviária do Valongo. Nesse local repleto de histórias e acontecimentos da Cidade de Santos, compareceram inúmeras pessoas de destaque e entusiastas das coisas do mar. O ambiente estava alegre e festivo, onde os convidados foram brindados com um Vinho de Honra durante o evento. O consagrado jornalista José Carlos Silvares, autor da obra, passa a ocupar lugar, no patamar elevado dos grandes escritores de livros sobre navios, onde se encontram escritores como: Henry Miller Jr., Arnold Kludas, José Carlos Rossini, Luis Miguel Correia, João Emílio Gerodetti e Carlos Cornejo, entre outros.
A belíssima capa de luxo (capa dura) da magistral obra 'Príncipe de Astúrias – O Mistério das Profundezas', com 266 páginas em papel couché, recheadas de
imagens raras. A capa é representada pelo costado do malfadado navio, onde
aparece uma vigia, tendo em seu interior uma foto com parte do transatlântico.
O livro “Príncipe de Astúrias” completa tudo sobre o luxuoso vapor espanhol Príncipe de Astúrias, não deixando dúvidas nem espaço sobre o maior acidente marítimo ocorrido na costa brasileira. Permita-me retornar ao início dos anos 90, quando tive uma melhor oportunidade de me aproximar do Silvares, embora já o conhecesse desde os anos 80, quando era redator do Porto & Mar de A Tribuna. Essa aproximação se deu mais em razão da cartofilia, que em outras palavras, é o colecionismo de cartões-postais, e o nosso gênero é navios de passageiros que passaram pelo porto de Santos e Santos antiga. Com certeza, a cartofilia selou nossa amizade.
Foto do Príncipe de Astúrias durante as provas de mar,
após sua construção no Rio Clyde em Glasglow – Escócia.
É uma das raras imagens do livro.
Pois bem, num fim de semana, talvez em 1998, recebei Silvares e sua esposa Marta, na Riviera de São Lourenço. Na oportunidade, Silvares levou uma caixa repleta de cartões-postais, fotografias, recortes de notícias e informações sobre o naufrágio ocorrido com o Príncipe de Astúrias. Fiquei impressionado com o rico material que Silvares possuía. Depois de ver tudo detalhadamente e com a curiosidade de quem aprecia transatlânticos, fiquei pensando de que forma o Silvares iria conseguir unir todas essas informações e ilustrações num simples livro, e conseguiu, de uma maneira que tornou o livro muito bom de ser lido e observado por suas ricas ilustrações.
O tempo foi passando e Silvares ia cada vez mais pesquisando, através de várias entrevistas e algumas viagens ao exterior, como Argentina e Espanha, onde esteve no Museu Marítimo de Barcelona, até que conseguiu tudo para a conclusão de sua obra.
O raríssimo cartão-postal do Príncipe de Astúrias da companhia
Pinillos Izquierdo y Compañia, é de Jorge Venine – Barcelona.
Em meados de novembro passado, recebi um telefonema do Silvares, informando que estava em poder de um exemplar do livro em apreço. Fui ao seu encontro, pensando que ia ver um livro comum, porém repleto de informações, e muitas imagens, por já ter visto muitas coisas do acervo de Silvares, bem como saber que ele é um lutador, um guerreiro e corre atrás do que se propõe a fazer. Ao chegar, Silvares me apresentou o livro, que realmente me deixou estupefato, surpreso e encantado com o que vi. Devo dizer, com toda a sinceridade, que se trata de um dos mais belos livros que vi na minha vida. Sua capa superdiferente e de um bom gosto incrível, com o formato de álbum com 266 páginas, em papel couché, recheado de ilustrações inéditas, somado ao resultado de 25 anos de intensa pesquisa, o que permitiu contar tudo detalhadamente.
O livro não conta só a tragédia ocorrida com o transatlântico Príncipe de Astúrias, mas sim muitas coisas como relatos de passageiros e descendentes, informações do estaleiro escocês que o construiu, além de incontáveis fatos que só a perspicácia de Silvares pôde conseguir. Até o local em Santos, onde o Príncipe de Astúrias iria atracar, caso não tivesse ocorrido o naufrágio, é mostrado através de imagem da área, que vai do Armazém 1 ao 4, da antiga Companhia Docas de Santos.
Camarote de preferência da primeira classe, onde o jornalista
Juan Mas y Pi, ficou hospedado com sua esposa Sylla da Silva.
Por ser um livro com enredo que supera os já existentes sobre o fatídico Titanic, ocorrido em 1912, é até mais interessante para nós brasileiros, pelo fato da tragédia ter ocorrido no nosso litoral, mais precisamente em Ilhabela.
Abaixo, transcrevo o texto de José Carlos Silvares, que lembra o que aconteceu com o paquete espanhol, naquele 5 de março de 1916, publicado no livro de minha autoria Transatlânticos em Santos – 1901/2001.
O Naufrágio do Príncipe de Astúrias
“O naufrágio do navio de passageiros, na costa de Ilhabela, aconteceu exatamente quatro anos depois do acidente com o Titanic, que ficou conhecido no Mundo todo como o maior desastre marítimo de que se tem notícia, com 1.503 mortos.
A espanhola Marina Vidal Castro, com
sua sobrinha Carmen Gonzalez de Garcia.
Marina fazia viagens freqüentes para o
continente sul-americano como repre-
sentante de uma boutique parisiense de
vestidos finos e jóias.
O do Príncipe de Asturias é o maior da costa brasileira. Era um domingo de Carnaval, e morreram 447 pessoas. Mas esse número pode ser superior, já que havia muitos imigrantes clandestinos a bordo, fugindo da Primeira Guerra Mundial que tomava a Europa.
Eram exatamente 4h20 do dia 5 de março de 1916, quando um estrondo sacudiu o sono de centenas de passageiros que estavam a apenas alguns quilômetros de sua primeira parada em terra firme: o Porto de Santos. O Príncipe de Asturias acabava de bater contra a Ponta da Pirabura, o trecho mais avançado para o sul da Ilhabela.
A maioria dos passageiros dormia. Alguns estavam acordados, tentando ver as luzes do Rio de Janeiro, que vivia a madrugada nobre do Carnaval brasileiro. Seguiram-se cenas de desespero, de correria, de luta pela vida, de heroísmo e de covardia. Há relatos fantásticos dos personagens que viveram aquele momento de horror.
Compareceram à noite de autógrafos, Arnaldo Barreto, diretor de
Infra-Estrutura e Fabrizio Pierdomenico, diretor Comercial da Codesp.
Foto: Marina Silvares
A primeira versão apresentada logo após o acidente, pelo segundo piloto Rufino Ozain y Urtiaga, contava que o navio enfrentou forte cerração quando se aproximava da costa brasileira. Ele vinha de Las Palmas (Ilhas Canárias), de onde saiu a 23 de fevereiro, com previsão de chegar a Santos em 5 de março.
'As descargas elétricas que iluminavam o céu eram a única luz a nos guiar', contou Rufino, na época aos jornalistas. Às 4h08, o capitão ordenou nova correção de rumo: mais 5 graus para o mar. Foi quando ele gritou: 'É terra!'. E aí não deu mais tempo para nada.
O capitão, segundo o piloto, pessoalmente se atirou sobre o telégrafo para ordenar 'atrás, toda a força' à casa de máquinas. Era tarde demais. O navio bateu contra os rochedos, rasgando o casco da proa à popa.
A presidente da Fundação Arquivo e Memória de Santos, Cristina
Guedes Gonçalves, prestigiou com sua presença, o lançamento do
magistral livro “Príncipe de Astúrias”. Foto: Marina Silvares
Uma outra explicação que impressiona está em um livro inglês. Ali, o autor diz que o Principe de Asturias bateu nas rochas porque fugia do cruzador Glasgow, que patrulhava a costa brasileira. O autor acha que a fuga acontecia porque o navio levava fugitivos a bordo. Mas eu confirmo no livro que isso não ocorreu.
Com o naufrágio do navio, muitos objetos históricos foram perdidos. Entre eles um conjunto de estátuas de bronze. Elas fariam parte de um monumento erguido em Buenos Aires em comemoração ao centenário da independência Argentina.
Sorridente e feliz com o sucesso do lançamento, na antiga estação
ferroviária do Valongo, Marta Silvares ao lado do marido José Carlos
Silvares durante momento em que autografava um exemplar da obra.
Foto: Laire José Giraud
Isso levou uma equipe de mergulhadores, anos depois a descer até a embarcação, a 45 metros de profundidade. Mas, além das estátuas, o fundo do mar pode esconder um tesouro. É que o navio carregava ouro e jóias valiosas.”
Deixo aqui um conselho aos leitores, para que se possível, adquiram essa obra, pois muito em breve poderá se esgotar, tendo em vista que o livro será um grande sucesso, tanto no Brasil como no exterior.
Foto clicada na antiga gare ferroviária onde aparecem Sueli Elias,
a jornalista Claudia Domingues, Marina Silvares, Creusa Giraud e Marta
Silvares. Foto: Laire José Giraud
Vale lembrar que os direitos de filmagem da história do Príncipe de Astúrias já foram firmados com uma produtora cinematográfica nacional.
Para os que desejarem confirmar o que digo sobre o livro, o mesmo está em exposição para venda, nas livrarias Martins Fontes e Realejo, em Santos; e em São Paulo, na Rede da Livraria Cultura.
Muito prestigiado, o autor da obra ladeado por Edson
Carpentieri, diretor e editor do Jornal da Orla, e Laire José Giraud.
Ainda haverá lançamento oficial promovido pela Editora Magma, no próximo 6 de março (um dia após o naufrágio completar 91 anos), na FAAP, na capital paulista. Parabéns Silvares!