Quinta, 21 Novembro 2024


1) A PF terá que abandonar a construção de sua nova sede; no coração do RJ. 

2) Motivo? Enquanto o projeto era desenvolvido e licenciado, e as primeiras providências para a obra eram tomadas, foi construído e inaugurado um (importante) túnel embaixo do terreno da PF! 

3) Tão ou mais importante que saber-se “quem foi” o responsável (como propõe o delegado da PF) seria mapear-se, claramente, como foi possível ter isso ocorrido. 

 

E, ainda mais: Como vacinar o processo decisório; o planejamento e gestão brasileiros para que não volte a acontecer casos semelhantes; não é? 

A discussão sobre planejamento e gestão no Brasil ganha mais um “case”. Este candidato a ser tornar antológico: A notícia: “Túnel inviabiliza construção de nova sede da PF na Praça Mauá”. 

O motivo: “A iniciativa foi sepultada depois de engenheiros terem descoberto que seria impossível fazer as fundações. É que, se escavassem no local, cruzariam com outra obra, o Túnel Rio 450 Anos, que passa bem embaixo”: “O primeiro da cidade construído abaixo do nível do mar, inaugurado no dia 1º de março do ano passado, para desafogar o trânsito entre o Centro e a Zona Portuária. A via tem 1.480 metros de 

O conteúdo da matéria é intrigante e quase autoexplicativo. Reorganizado torna-se ainda mais pedagógico: 

 “O prédio novo seria erguido no centro do terreno onde fica o atual”. 

 “A ideia de erguer dois prédios modernos no terreno surgiu em 2008”. 

“Pelo cronograma da PF seriam erguidos dois edifícios de seis andares no local, que também ganharia uma praça e um jardim”. 

“A nova sede deveria ter sido inaugurada em 2014, antes da Copa do Mundo”. 

“O projeto da nova sede foi aprovado pela prefeitura em 2009. Já a construção do Túnel Rio 450 Anos recebeu sinal verde do município um ano depois, em dezembro

 

“A Polícia Federal está autorizada a tocar a construção desde 2009... Agora,

realmente, é inviável”.

 

“O dinheiro foi usado para elaborar o projeto e derrubar um prédio que ficava no

terreno de cerca de 30 mil metros quadrados”.

 

“Como o antigo edifício era tombado, a direção da PF pediu autorização ao Instituto

Estadual do Patrimônio Cultural (Inepac) para a intervenção.”... “Localizado na

Avenida Rodrigues Alves 1, o prédio da PF foi inaugurado pelo então presidente

Getúlio Vargas, em 1940”.

 

“A licença foi concedida (pelo Inepac), mas o órgão exigiu que a instituição reformasse

o teatro. Foram gastos cerca de R$ 400 mil na restauração, dinheiro que saiu do

Ou seja: O antigo prédio já foi demolido. E estava (está?) em curso processo de

licenciamento (público!), já com execução da compensação prévia (reforma do teatro).

Inevitável, assim, a conclusão do delegado federal ouvido pela reportagem: “Eu não

tenho a menor dúvida de que alguém cochilou. Agora é preciso saber quem foi”!

Todavia, como o perigo já passou (“felizmente”, os engenheiros descobriram, a tempo,

“que seria impossível fazer as fundações”), e a imprensa aparentemente se antecipou

aos órgãos de fiscalização e controle; agora, tão ou mais importante que saber-se

“quem foi” é nos debruçarmos, cientificamente, sobre esse “case”.

 

... mormente por que aconteceu no coração do Rio de Janeiro (Praça Mauá); “vizinho

ao (recém-inaugurado) Museu do Amanhã e ao Museu de Arte do Rio”; envolvendo o

órgão de maior evidência no Brasil hoje (a PF) e a mais fluente articulação União-

Estado-Município no passado recente; na “região do Rio que mais recebeu

investimentos público e privado” em função do “Porto Maravilha” (cartão postal dessas

administrações) e dos preparativos para os Jogos Olímpicos/2016 – evento midiático

Algumas perguntas são inevitáveis: Fora de tão iluminada vitrine, quanto casos,

qualitativamente congêneres, não devem estar acontecendo Brasil afora? Quanto

dinheiro temos desperdiçado (independentemente de corrupção)? Quantos benefícios

(para a população) estão sendo postergados?

 

Por isso, tão ou mais importante que saber-se “quem foi”, seria identificar-se como foi

possível que esse “case” ocorresse. Quantos, onde e quais foram os “cochilos”.

 

E, ainda mais: Como vacinar o processo decisório; o planejamento e gestão brasileiros

para que não volte a acontecer casos semelhantes; não é?

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