“Estado (SP) construirá 5 barragens e Tietê ficará navegável a 98 km da capital”, mancheteia “O Estado de SP” (12/MAI/12) sobre os prolongamentos da atual Hidrovia Tietê-Paraná (1.200 km), prestes a serem contratados: Rio Piracicaba (55 km) e Tietê (200 km); este no trecho Anhembi-Salto (privilegiado entroncamento rodoferroviário, às portas da metrópole).
A crítica ambientalista não tardou. P.ex: “Segundo ela (Malu Ribeiro, coordenadora da Rede das Águas da SOS Mata Atlântica – na mesma matéria), os reservatórios vão interferir na característica geológica natural que contribui para dissipar a poluição do Tietê”. Repete-se a clássica estratégia: silêncio; nenhuma análise do projeto, como um todo. Foco, apenas, em aspectos pontuais. Dúvidas: Onde está o propalado holismo? Afinal, são contra ou a favor da hidrovia?
Surpresa: A visão holística veio à baila via empreendedor: “Já o diretor (do Departamento Hidroviário-DH) Casemiro Carvalho disse que os impactos serão insignificantes, se comparados com os benefícios do projeto”... “Não faz sentido pensar em cada barragem individualmente”.
É óbvio: Todo projeto infraestrutural tem impactos ambientais negativos. É inevitável! Mas isso, por si só, não é suficiente para vetá-lo – como normalmente se quer fazer crer. A viabilidade (ou não!) do projeto, como estabelecem a Lei nº 6.938/81 e Resolução Conama nº 1/86 (nossas normas básicas), assim como normas e boas práticas internacionais, é resultado de um balanço: De um lado, os impactos negativos do econômica, social e ambiental; de outro os positivos (sim; há!). De um lado os impactos da implantação do projeto; de outro os de não-fazê-lo. Tudo isso analisado em 3 níveis: local, regional e global. Há, ainda, a possibilidade de mitigações e compensações; algo como “exame de recuperação” e “segunda época”!
Assim analisado, é inquestionável: os benefícios desses prolongamentos hidroviários, em termos de redução do consumo de combustíveis, de emissões de gases de efeito estufa e de particulados, de tráfego e congestionamentos nas estradas e no viário das cidades da região; aliados à redução de custos logísticos, de controle de cheias, de aumento da reservação de água para abastecimento humano e agricultura, p.ex., em muito superam os impactos negativos (econômico, social e ambiental) que suas implantações, inexoravelmente, provocarão.
Além do mais, novos espaços para lazer e turismo. Ah! Observe como as propagandas que “vendem” qualidade de vida são ilustradas, quase sempre, por espelhos d’água (mar, rios, lagos)!
Sabe-se: Hidrovia e meio ambiente são aliados estratégicos. O que visa, então, esse ambientalismo anti-ambiental?
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