Há 12 anos, Jim O’Neil criou o acrônimo BRIC para aglutinar algumas economias emergentes que prometiam se destacar neste século: Brasil, Rússia, Índia, China e – em 14/4/2011 – oficialmente também a África do Sul. A sigla pode ser lida como a palavra inglesa brics (tijolos).
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Com um total de 2.934.822.616 habitantes (em 39.739.375 km²), tal grupo responde por US$ 19.057 bilhões do PIB mundial (em PPC, paridade do poder de compra), em estimativas de 2010. Ou US$ 6.493/ano para cada habitante.
Já a Coréia do Sul representa um PIB-PPC de US$ 1.556 bilhões, que - dividido por seus 48.636.068 habitantes - representa US$ 31.753 para cada um (estimativa de 2011).
Se ela entrasse no BRICS, a ilusão das estatísticas acrescentaria para cada habitante deste novo grupo uns R$ 832/ano, ou seja, mais que um hipotético 14º salário mínimo, além da renda mensal média que já teríamos, de uns R$ 1.082,00 (PIB do BRICS/população/12 meses x câmbio US$ 1/R$ 2,00, aproximado).
Foto: Arquivo Portogente
Movimentação de cargas nos portos brasileiros cresce de forma tímida
Porém, é apenas um devaneio do global Jornal Nacional de 1º de março, que tratou logo de corrigir a notícia: a Coréia do Sul não faz parte dos BRICS. E nem vai fazer, pois é uma nação desenvolvida.
Mesmo sendo uma das civilizações mais antigas do mundo, a Coréia teve uma história turbulenta, em 1945 perdeu a parte Norte que hoje ameaça o mundo com suas bombas atômicas, e isso não impediu que se tornasse em menos de 60 anos a 12ª maior economia mundial. Com apenas 512 anos de história oficial, o Brasil está em tese melhor, ali pela sétima posição, mas perde feio para a Coréia do Sul nos valores per capita. (só US$ 11.769/hab). Pior ainda, se considerarmos desenvolvimento humano (IDH da Coréia do Sul, 15º lugar, Brasil só 84º lugar).
Para o Brasil se ombrear com a Coréia do Sul, como talvez quisesse o programa jornalístico da TV Globo, ou pelo menos acompanhar o ritmo de crescimento dos outros componentes do BRICS, seria preciso que de fato tivéssemos o famoso "pibão grandão" da Dilma Roussef. Em vez disso, o PIB está encolhendo em setores essenciais como agronegócio e indústria, só infla mesmo nos salões de beleza (!),
Enquanto a beleza brasileira cresce 5%, o movimento de cargas nos portos se eleva em apenas 2,03% no mesmo ano de 2012, conforme números divulgados também no dia 1/3. O que mostra que o Brasil (187º lugar no mundo em balança comercial) é cada vez mais belo, mas ainda não aprendeu a ganhar dinheiro. Nem com seus tijolos.