Durante palestra em Santos, o vice-almirante Murillo de Moraes Rego Corrêa Barbosa (que em 2005 passou à reserva remunerada, de 2006 a 2010 atuou como diretor da Antaq e agora é diretor-presidente da Aquaport Consultoria Ltda.) falou sobre os desafios e a participação estatal no desenvolvimento da Marinha Mercante Brasileira, começando pelos percentuais de participação do comércio marítimo no total de cargas transportadas em todo o mundo.
Considerando o volume, em dados de 2008 do Maritime Administration (Marad), foram 89,79%, contra 9,96% do terrestre e 0,25% do aéreo. Em valor, a divisão muda um pouco, detendo o modal marítimo 72,71%, contra 14,32% do terrestre e 12,97% do aéreo. Por país, o Brasil se situa no 23º lugar, numa classificação liderada por Estados Unidos, China, Alemanha, Japão, França, Holanda, Reino Unido e Itália.
Ele citou outros números, referentes ao transporte de longo curso e aos setores de apoio marítimo e portuário. Fiquemos com a cabotagem, que registrou em 2005 gastos de US$ 261.987.098 em afretamento de embarcações estrangeiras; no ano seguinte, foram US$ 79.268.588; em 2007, US$ 98.157.108; em 2008, US$ 135.788.946; em 2009, US$ 55.795.000; em 2010, US$ 125.910.000. Conta rápida: em seis anos, US$ 756.906.740. Ou, como disse o palestrante, somando todos os afretamentos feitos (ou seja, também longo curso e navegação de apoio: US$ 14 bilhões!).
Já que o clima no Brasil está mais para Boas Festas, convido o leitor a fazer uma continha, seguindo o exemplo de certo político de Brasília: imaginem quantos panetones poderiam ter sido distribuídos no Brasil, só com o dinheiro desses aluguéis todos, se tivéssemos uma frota própria de navios!
Para ajudar, fiz uma conta rápida, considerando o câmbio médio do dólar (R$ 1,70), o panetone comum de 500 gramas a R$ 6,70 e o valor dos afretamentos APENAS na cabotagem: daria para entregar um panetone a cada um dos 191 milhões de brasileiros!
Cabotagem é ou não é viável?