Domingo, 24 Novembro 2024

Na coluna anterior, comentei sobre um governo desinformado que tem a ousadia de falar de planos de logística. A novidade desta semana é que esse mesmo governo desinformado pretende contratar uma assessoria de imprensa para o Ministério dos Transportes. Informar o quê, se o próprio governo não tem informações sobre suas atividades?

 

Deu a lógica: as primeiras colocadas na licitação para a escolha da assessoria conseguiram apresentar propostas com centavos de diferença entre si, sendo que a vencedora, a princípio, é uma empresa construtora, que nada tem a ver com a área de Comunicação Social.

 

Bem, já disse aos amigos: se uma empreiteira se considera habilitada a construir uma assessoria de imprensa, então eu também posso me inscrever na próxima concorrência pública que fizerem para obras no setor portuário. Afinal, depois de alguns anos militando no setor, consigo demolir sistemas portuários absurdos e construir pontes de informação entre os vários participantes das atividades marítimas. Consigo até dragar a lama que cerca os portos e extrair algumas informações curiosas...

 

Voltando ao pac, poc, pocotó. Veio ao Brasil o presidente estadunidense, parou literalmente a capital paulista com suas andanças terrestres e aéreas, veio falar de acordos comerciais... desde que o Brasil abandone seus vizinhos sulamericanos. Previsível: uma vez que o Mercosul se opunha aos interesses da Alca, isto é, dos Estados Unidos, a forma de fazer o Mercosul naufragar seria acirrar a animosidade entre os possíveis parceiros latinos, estimular parcerias isoladas com a condição de uns se afastarem dos outros e destacar informações negativas sobre atividades fronteiriças. Tudo isso foi feito.

 

O próximo passo, podem apostar, é destacar para o mundo que em Foz do Iguaçú há um enclave árabe que sedia um núcleo da Al-Qaeda que é uma ameaça ao mundo ocidental e por isso é preciso instalar ali uma base aérea militar estadunidense e enviar tropas – assim sem pontuação mesmo, para não dar tempo de ninguém respirar e perceber a jogada por trás disso tudo. Lógico que ninguém vai lembrar que naquele trecho entre São Paulo e Foz do Iguaçu, estendendo-se a Paraguai e Argentina, existe uma formação chamada Aqüífero Guarani, a maior reserva subterrânea de água potável do mundo. Também não se vai dizer que empresas estrangeiras, como quem não quer nada, estão comprando terras sobre esse aqüífero, com a finalidade inconfessa de estarem preparadas para quando algo ocorrer envolvendo essa reserva fabulosa. Quem viver, verá.

 

Enquanto isso, de pac em pac, vemos que o governo brasileiro fala em interessar empresas alemãs para que invistam no tal PAC, dito Plano de Aceleração do Crescimento, sem remover os verdadeiros entraves que impedem a ampliação das atividades econômicas nacionais: uma legislação fiscal ultrapassada, que recolhe demais de quem paga e é boazinha com quem sonega (estimulando a informalidade), e uma taxa básica de juros excessiva, ótima para especuladores e péssima para quem deseja investir no crescimento (estimulando a "lavagem" de dinheiro e outras práticas).

 

Sem falar na falta da infra-estrutura básica, inclusive em termos de energia para mover os desejados complexos industriais, e de transportes para mover os insumos e depois os produtos acabados (estimulando as empresas a procurarem outros mercados menos problemáticos).

 

Suprema ironia, Brasil falando de exportar energia para o mundo e não conseguiu formar uma logística de atendimento que ao menos evitasse apagões energéticos em seu território...

 

Coroando esse gigantesco esforço nacional para que ninguém invista neste país – que talvez possamos informalmente chamar de Plano de Apoio à Criminalidade (PAC) –, vemos o péssimo exemplo de autoridades do Judiciário (localizando na Lei todas as brechas que favoreçam o criminoso, mas nenhuma que coíba suas ações), a inércia do Legislativo (em votar todos aqueles projetos de interesse nacional, mas que permanecem engavetados por falta de tempo de Suas Excelências, ocupadas demais para trabalhar), a inação do Executivo (com a falta de uma estrutura policial minimamente equipada)... Tudo isso escancarando as portas a todo tipo de criminalidade organizada, que age com descaramento que deixaria corado de vergonha qualquer mafioso dos tempos de Al Capone...


   Foto: Folha Imagem

Com dragas sumidas, impostos e juros altos, e até

empreiteira atuando como jornalista, não há PAC que resista

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