Quinta, 25 Abril 2024

A relação trabalho e gênero é antiga tanto nos locais de trabalho tanto como objeto de estudo das Ciências Sociais. Entretanto, pouco havia me ligado a ela, principalmente pelo fato de minhas questões de pesquisa me levarem para o problema do trabalho, mas para um objeto essencialmente masculino, onde a idéia da dominação masculina e da submissão feminina não aparecia.

Nos últimos meses, porém, por conta das leituras feitas para as aulas do curso de doutorado, estive mais em contato com esta relação. Tal contato me trouxe inúmeras perguntas, todas ainda sem respostas, mas que me ajudaram a compor o trabalho final da disciplina que cursei este semestre, que teve por título “A masculinidade do trabalhador portuário: novas questões em tempos de automação”.  Isto, pois, como é bem visível nos portos brasileiros, o trabalho portuário é composto, majoritariamente, por trabalhadores do sexo masculino. Sabemos que tal fato deve-se a natureza da própria profissão, onde a força física, até o início do processo de conteinerização, era necessária para o manuseio da carga e a periculosidade e insulabridade fazem parte do cotidiano.

Com a introdução do contêiner, a força física foi sendo substituída pelo conhecimento na operação de guindastes, empilhadeiras e porteineres, os quais podem ser operados por homens ou mulheres, visto que a força, parte da essência do homem, como diria R.Connell (1995), não é mais o elemento principal do processo de trabalho portuário.

Desta forma, podemos acreditar que este grupo profissional, os trabalhadores portuários, que se formou a partir também de uma identidade de gênero, pode sofrer mudanças nesta identidade decorrentes das transformações geradas pela automação no processo de trabalho. Isto, pois, a presença da mulher nos portos é uma realidade. O Porto de Santos já conta com mulheres na faixa do cais e em portos estrangeiros, como na Alemanha, elas já operam porteineres . Ou seja, a entrada da mulher neste mercado é certa. Mas, o que acontecerá com a identidade destes trabalhadores? A masculinidade, tão recorrentemente requerida no processo de constituição deste grupo profissional, ainda será referência ou sua concepção será modificada como forma de repensar a atuação dos homens neste mercado? Ou melhor, será possível falar dos trabalhadores portuários a partir de uma identidade de gênero?

Tais questões são para pensarmos esta relação, que pode parecer isolada, mas é de extrema importância na vida cotidiana dos indivíduos, visto que ela perpassa as relações sociais de produção, mas também as relações familiares, as relações de amizade, e todas aquelas onde homens e mulheres disputam, de forma simbólica, o espaço e a sua dominação.

Referência bibliográfica
CONNELL, R.W. Masculinities: knowledge, power and social change. Berkeley, Los Angeles/CA: University of California Press, 1995. p. 67-86

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