Segunda pela manhã (18/05), ao abrir o Estadão me deparei com uma matéria intitulada “SP terá 8,6 mil vagas de curso técnico em salas ociosas da rede”. Ao ler a matéria fiquei feliz com a iniciativa do Governo do Estado de São Paulo, que se realmente funcionar poderá dar qualificação a milhares de jovens que hoje vêem a universidade como única perspectiva de conseguir uma posição no mercado de trabalho.
Isto, pois, no Brasil iniciou-se, a partir da segunda metade década de 1990 e com grande força nos anos 2000, uma preferência por trabalhadores que tenham cursos superiores completos, impulsionada pela crescente abertura de faculdades e universidades privadas proporcionadas pelas autorizações do Ministério da Educação (MEC). Entretanto, para um aluno de baixa renda cursar uma graduação, ele deverá desembolsar uma quantia significativa em, no mínimo, 4 anos. Para auxiliar neste processo, foi então fortificado o Financiamento Estudantil (FIES) e criado o ProUni, a nível federal, e o Programa Escola da Família, pelo Governo do Estado de São Paulo.
Parecia que os problemas haviam terminado, mas eles apenas estavam começando. Isto, pois, os jovens que conseguem concluir seus cursos superiores têm concorrentes com a mesma escolaridade e que lutarão como iguais no mercado. Ou seja, qual o diferencial deste jovem? Como ele poderá obter um bom emprego diante da vasta concorrência que a “universidadização” do Brasil proporcionou? Então, ele investe em cursos de idiomas, pós-graduação dando mais força a escolarização em detrimento da qualificação.
Este fato é corrente na atualidade onde os jovens vêem como única saída a aquisição de conhecimentos via escola e esquecem as experiências adquiridas, que podem os levar a boas colocações no mercado de trabalho. A atitude do governo de São Paulo auxilia na busca do que os jovens consideram como importante em suas vidas, aquilo que eles realmente gostam de fazer, que pode ser aprimorado por meio de cursos técnicos, que qualificarão os jovens de forma gratuita. Sendo assim, a qualificação, que está ligada a técnica, habilidade, conhecimento da profissão, pode ser valorizada tanto quanto a escolarização.
Os cadernos de emprego ratificam a necessidade de investimento em cursos técnicos. Quando os abrimos vemos um bom número de vagas para profissões de ensino superior, principalmente engenheiros e médicos, mas também vemos um número significativo de vagas para técnicos em todas as áreas: enfermagem, celular, eletrônica, elétrica, edificações, etc. Vagas estas que muitas vezes ficam em aberto, pois faltam profissionais com tal qualificação.
Desta forma, a atitude do Governo do Estado de São Paulo vem dar novas alternativas para a juventude, que muitas vezes desiludida com a prevalência da escolarização, desiste dos bancos das escolas e toma caminhos que algumas vezes podem não levar a bons finais. Louvo tal iniciativa e espero que ela renda bons frutos e mostre aos jovens que qualificação é tão importante quanto escolarização e que o seu futuro está no caminho que você escolhe e não no que o mercado quer.