Sexta, 29 Março 2024

Clique aqui para ler a primeira parte deste artigo.

Sobre a chegada à Lua:

... a Lua de Virgílio e a Lua de Shakespeare já eram ilustres antes do descobrimento, não?

Sobre “Crime e Castigo”, de Dostoievsky:

Há uma frase terrível de Hegel, ou que parece terrível, que diz que o castigo é o direito do criminoso. Isso parece uma frase cruel, mas não é; se o castigo redime, o criminoso tem direito a ser castigado, ou seja, a ser redimido. Essa frase foi julgada como cínica, mas talvez não seja.

Sobre a leitura:

... ler um livro é ser, sucessivamente, os diversos personagens do livro.

... o modo como sentiu o autor pouco importa, já que os textos estão aí para serem renovados por cada leitor, não é?

Sobre a intuição:

É mais fácil haver erros num longo processo do que num só ato de sensibilidade, como seria a intuição. Pelo contrário, num processo lógico sim, é muito fácil que apareçam erros.

Sobre os livros:

... da mesma forma que todo homem tem pais, avós, tataravós, por que não supor que isso também acontece com os livros? Rubén Dario o disse melhor que eu: “Homero tinha, sem dúvida, seu Homero”, quer dizer, não há poesia primitiva.

Sobre o budismo:

Eu não sei se cheguei à sabedoria, mas acreditar na sabedoria já é um ato de fé, é claro. Além do mais – eu disse isso muitas vezes –, talvez possamos dar o que não temos. Por exemplo, uma pessoa pode dar felicidade e não se sentir feliz, pode dar medo e não se sentir amedrontada. E pode dar sabedoria e não tê-la. Tudo é tão misterioso no mundo.

Sobre uma virtude poética:

... a reserva também pode ser uma virtude poética; sempre se pensa o contrário, que o poeta tem que ser efusivo e que tem que confessar... mas a reserva constitui grande parte do caráter de muita gente.

Sobre o horror em Edgar Alan Poe:

O horror está sempre presente... Poe foi acusado de ser discípulo dos alemães. Ele respondeu com uma frase muito linda: “Sim, mas o horror não vem da Alemanha, vem da alma”.

Sobre a ética:

... como disse Stevenson, a ética é um instinto, ou seja, não é necessário definir a ética; a ética não são os Dez Mandamentos, a ética é algo que sentimos cada vez que agimos.

Sobre os prólogos:

Bem, o prólogo é um gênero intermediário entre o estudo e o brinde, digamos, ou seja, entende-se que no prólogo deve haver um pequeno excesso de elogio, que o leitor desconta. Mas, ao mesmo tempo, o prólogo tem que ser generoso, e eu, com os anos, depois de tantos anos, cheguei à conclusão de que devemos escrever sobre o que gostamos.

Sobre a beleza:

O efeito estético é anterior à explicação lógica.

Sobre Borges:

... acho que estou sempre escrevendo o mesmo conto, estou descobrindo a mesma metáfora, estou escrevendo os mesmo verso... mas com pequenas variações, que podem ser benéficas.

... quando era jovem, queria ser Lugones, e depois percebi que Lugones era Lugones de um modo muito mais convincente que eu. E agora me resignei... a ser Borges, ou seja, a ser todos os escritores que li...

Referência
Jorge Luis Borges. Sobre a filosofia e outros diálogos. Organização e tradução: John O’Kuinghttons. São Paulo: Hedra, 2009.

Jorge Luis Borges. Sobre os sonhos e outros diálogos. Organização e tradução: John O’Kuinghttons. São Paulo: Hedra, 2009.

Jorge Luis Borges. Sobre a amizade e outros diálogos. Organização e tradução: John O’Kuinghttons. São Paulo: Hedra, 2009.

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