A IMO (Organização Marítima Internacional), estabeleceu novo limite de emissão de dióxido de enxofre no meio ambiente, em vigor dedes de 01 de janeiro deste ano, a IMO 2020, é obrigatória para navios do mundo todo. Descubra tudo sobre essa modificação e se mantenha informado.
IMO - O que é isso?
IMO (Organização Marítima Internacional) é a agência da ONU responsável por regular a segurança e proteção do transporte marítimo, além de tratar de assuntos como a prevenção da poluição dos oceanos que pode ser causada pelos navios. A organização auxilia as Nações Unidas a cumprir os objetivos de desenvolvimento sustentáve, o programa Agenda 2030 da organização.
A IMO ao criar regras internacionais para navios, busca trazer equidade para todos os operadores, para evitar que por questões financeiras os armadores venham a realizar escolhas que comprometam a segurança e questões ambientais. Essas medidas também incentivam o investimento em modernidade e eficiência.
O transporte marítimo é responsável por mais de 80% do transporte no comércio global, as viagens marítimas internacionais são uma indústria, e a sua regulamentação é essencial para um funcionamento efetivo. A IMO (Organização Marítima Internacional) é a responsável por garantir a regulamentação do transporte marítimo internacional, regulamentando questões que envolvem desde construção de navios, equipamento, tripulação, suas operações e o seu descarte. Tudo isso para garantir que esse setor vital permaneça seguro, ambientalmente correto e com eficiência energética.
A IMO é composta por 174 Estados Membros, todos os signatários da Convenção Internacional para a Prevenção da Poluição Causada por Navios (MARPOL). Esses países se reúnem para discutir as regras de navegação marítima internacional e aplicam em seus mares territoriais também.
IMO 2020 - O que muda?
Em vigor desde primeiro de janeiro de 2020, a IMO 2020, determina que a emissão de dióxido de enxofre, feita por navios, deve ser reduzida de 3,5% para 0,5%. Essa nova regra reduzirá substancialmente as emissões nocivas de enxofre emitida, uma modificação que visa o futuro do planeta e a luta contra o aquecimento global.
O limite imposto é obrigatório para todos os navios que operam fora das áreas de controle de emissões designadas, onde o limite já é de 0,10%. As áreas de controle de emissão designada se encontram nos Mares do Norte e Báltico.
Segundo a IMO (Organização Marítima Internacional), a nova regra reduzirá a emissão de enxofre em 77%, equivalente a uma redução anual de aproximadamente 8,5 milhões de toneladas de dióxido de enxofre. Além disso, partículas nocivas que são formadas quando ocorre a queima de combustível dos navios será drasticamente reduzida.
A nova determinação não atinge navios que se utilizam do sistema de “scrubbers” fechado, que é um sistema projetado pelo uso da água para lavar os gases de exaustão dos principais, auxiliares e caldeiras para remover o dióxido de enxofre (SO2), um gás tóxico e prejudicial à saúde humana. Esse sistema pode ser aberto, quando a água que filtra o enxofre é descartada no mar, ou, fechado em que a água é tratada antes de ser descartada no mar. O sistema de filtragem fechado, já é amplamente utilizado por navios na Europa e Ásia.
Opinião
*Porque 2020 é o ano definitivo de mudanças no comércio exterior
A ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustível) já aplica a regra da IMO 2020 desde maio de 2019, regulamentando através da a Resolução nº 789/2019, que determinou a redução do limite máximo do teor de enxofre dos óleos combustíveis marítimos para as embarcações que não dispunham de sistema de limpeza de gases de escape.
O impacto da mudança
A IMO2020 deve ter grande impacto no setor marítimo, uma vez que grandes navios utilizam toneladas de óleo bruto de petróleo por dia, como, por exemplo, um navio petroleiro que consome 100 toneladas por dia de petróleo, já um navio de cruzeiro 500 toneladas por semana. Aliás, o setor de cruzeiros é um dos mais criticados por conta da alta emissão de dióxido de enxofre.
De acordo com a CEO da Smart Green Shipping Alliance, Diane Gilpin, em entrevista à BBC, afirmou que o maior custo dos Agentes de Carga é com combustível, que chega a representar 70% do custo operacional da indústria de transporte marítimo. Portanto, as modificações que serão realizadas para adequação a IMO 2020 ocasionara grandes despesas.
Portopédia
*Agente de Carga
*Agente Marítimo
A necessidade de um combustível com menor emissão de dióxido de enxofre torna necessário uma maior mistura de diesel nos combustíveis, logo, um aumento nos fretes marítimos ocorrerá. Em 2019 a BAF (Bunker Adjustment Fee), informou que com as modificações da IMO 2020, as tarifas serão calculadas com base no preço do combustível para 0,1% de diesel de enxofre, com uma dedução fixa de 50 USD / tonelada, encarecendo o valor do frete total. Todas as modificações necessárias para adequação dos Agentes de Carga as novas regras, trarão um grande custo adicional. Esse custo será considerado através da aplicação de sobretaxas de combustível, comércio a comércio.
A regulamentação mais estrita das emissões de enxofre da IMO 2020 é um caminho para buscar uma indústria naval mais ecológica. A Hapag-Lloyd estipula que com a necessidade de combustível com baixo teor de enxofre, acarretara um custo de 250 dólares por tonelada, um custo adicional de cerca de 1 bilhão de dólares nos primeiros anos. Por conta disso, a empresa e outros grandes armadores, tem se preparado desde 2019 e desenvolvido mecanismos o de recuperação de combustível marítimo (MFR), ou alternativas de novos combustíveis.
As alternativas
A indústria naval tem buscado alternativas para evitar os custos e se adequar a IMO 2020 vai trazer. As empresas que operam Navios Cruzeiros anunciaram novas tecnologias. Dois navios híbridos foram lançados, um pela Hurtigruten, grande empresa de cruzeiros norueguesa, que apresentou o navio Roald Amundsen, movido a diesel e baterias. A Francesa Ponat, lançou o motor híbrido que utiliza diesel e gás natural liquefeito (GNL).
A Italiana Costa Cruiser lançou o navio cruzeiro Costa Smeralda, totalmente movido a gás natural liquefeito (GNL), e pretende aumentar os navios movidos 100% a GNL. Outras empresas como a MSC Crusies, Aida e a americana Princess Cruises, anunciaram alternativas de navios mais “limpos”.
Em estudo realizado pela empresa Korea Development Bank e da Korea Trade-Investment, por conta das modificações que a IMO 2020 está trazendo, 60,3% dos navios encomendados até 2025 serão movidos a GNL. A IMO 2020 é o inicio de uma caminhada para um transporte marítimo ecologicamente mais amigável, e as modificações na regra aceleraram o interesse do setor em tecnologia sustentável.
Fonte:
*International Maritime Organiization
*Hapag Lloyd
*Revista Cargo
*SeaTrade Maritime News