Segunda, 02 Dezembro 2024

Helmuth Hoffstatter*

O ano mal começou e muita coisa já aconteceu no cenário internacional. E muitos episódios, no que diz respeito à diplomacia entre países, afetam o nosso comércio exterior. Vamos aos cenários:

Comex 4.0

Estamos em pleno início da quarta revolução industrial, onde deixamos de viver em uma sociedade de descobertas da eletrônica, pessoas passam a estar completamente conectadas entre pessoas e objetos. Das grandes navegações até a globalização, o comércio exterior é um grande protagonista na execução de novas tecnologias. O ano de 2020 é um ano definitivo para as novas mudanças que essa revolução promete.

Com certeza você já ouviu falar em Big Data, BlockChain, Automação e Internet das Coisas. Essas ferramentas trarão agilidade e otimização nas operações de importação e exportação, mas como cada um desses fatores podem ajudar? E quais são as consequências em nível internacional?

Big data no comércio exterior é essencial para o gerenciamento de informações e cada vez mais será demandada por empresas que precisam administrar uma grande quantidade de dados para se manter no mercado.

BlockChain já ajuda importadores e exportadores a rastrear produtos desde sua fabricação, a fim de evitar falsificações ou outras atividades ilegais.

A internet das coisas permite a conexão entre pessoas e objetos e hoje já está sendo utilizada para conectar máquinas e cargas em portos e aeroportos. Nesse cenário, é possível que a liberação de caminhões, por exemplo, seja feita de forma mais rápida, pois há sensores e sistemas embarcados para ler e transmitir diferentes informações.

A Automação ocorrerá de formas diferentes no comércio internacional. A primeira utilização será em máquinas e portos conectados, como já existem portos na Europa com máquinas sendo operadas sem nenhum ser humano. A outra utilização da automação, não é vista de forma física, mas revolucionará o comércio exterior trazendo mais agilidade nesse ambiente. Estamos falando de atividades automatizadas, como o envio de um follow up, o rastreio de cargas, a consulta e monitoramento de atualização nos sistemas da receita federal e alfândegas

Essas tecnologias vão gerar alguns eventos jamais vistos anteriormente, influenciando de forma direta o comércio internacional.

Um novo tipo de guerra comercial

Com todas as novas tecnologias, a guerra comercial entre países mudou de patamar, sanções anteriormente realizadas sobre commodities, serão realizadas sobre tecnologia. O exemplo disso são as patentes de 5G da China e Estados Unidos.

A China já começou a guerra retaliando alguns países europeus que não consomem a tecnologia, são eles a Dinamarca e a Alemanha.

Visão ambiental

Em 2020, um assunto que será muito comentado é o meio ambiente, por esse motivo grandes corporações começaram a se preocupar com poluentes e descarte de resíduos. No comércio exterior, este ano está marcado com o chamado IMO (International Maritime Organization) 2020, onde os armadores deixarão de consumir até 8,5 milhões de toneladas de poluentes emitidos por navios.

Para deixar o combustível mais limpo e cumprir com o acordo, é necessário mais diesel na mistura, aumentando as tarifas de frete. Dessa forma, no primeiro logo em janeiro, os armadores já sentiram aumento nos preços do combustível e repassaram uma nova taxa aos agentes de carga o BAF (Bunker Adjustment Fee) IMO 2020, encarecendo o valor do frete total.

Outra atitude dos portos brasileiros será o PSP (Porto Sem Papel), que ajudará o meio ambiente e trará agilidade nas liberações das mercadorias, o objetivo é que todos os documentos sejam convertidos em um único. As companhias aéreas não ficam de fora, estão reduzindo ao máximo a utilização de papel, dessa forma, utilizam menos combustível na aeronave, pois o peso é menor.

Desaceleração da economia mundial

Com alguns conflitos internacionais acontecidos no início deste ano, somado com a não finalizada guerra comercial de China e Estados Unidos, especialistas afirmam que haverá uma desaceleração na economia a nível mundial.

A Associação Brasileira de Comércio Exterior do Brasil (AEB) projetou uma queda nas exportações no primeiro mês do ano, gerando um déficit na balança comercial. Isso exigirá do exportador uma maior criatividade para inovar e atingir novos mercados, e conseguir passar pelos entraves burocráticos e contábeis que imperam no país.

Helmuth Hofstatter
* Empreendedor apaixonado por tecnologia e inovação, possui mais de 12 anos de experiência no segmento de logística internacional, fundador da LogComex, startup de big data, inteligência e automação para logística internacional. É especialista em gestão de produtos e nas mais diversas soluções voltadas ao universo do comércio exterior.

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*Todo o conteúdo contido neste artigo é de responsabilidade de seu autor, não passa por filtros e não reflete necessariamente a posição editorial do Portogente.

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