Sábado, 23 Novembro 2024
Brasil  e Irã entenda a relação entre os países

A relação Brasil e Irã vai muito além  da comercial e entre os países. A sua relação diplomática vária entre os anos. O Irã é um dos principais destino do milho brasileiro, e a crescente tensão com os EUA podem impactar a relação com o Brasil. Entenda em 5 pontos como é a relação entre esses dois países.

1) Brasil e Irã – Relação Comercial

A relação entre o Brasil e Irã sempre foi amigável. A neutralidade do Brasil diante das sempre existentes tensões entre Irã e os Estados Unidos, permitiu que o país sempre fosse um bom parceiro comercial para o país persa.

O comércio entre os países  fica demonstrado  quando se observa a balança comercial brasileira. O Irã é o 23º maior destino de nossas exportações, com um faturamento de US$2.117 bilhões. Um dos principais importadores de milho brasileiro, de acordo com a Secretaria de Comércio Exterior do Ministério da Economia.

No ano de 2019 o Irã importou do Brasil 5,108 milhões de toneladas de milho. Em 2018, o país ultrapassou o Japão e se tornou o maior importador do milho brasileiro com 6,379 milhões de toneladas, de acordo com a Secretaria de Comércio Exterior. O país é ainda o quinto maior destino da carne brasileira.


2) Relação Diplomática - Quente e Frio

A relação entre o Brasil e Irã teve início em 1903, tornando-se mais próxima em 1957, após assinatura de um acordo cultural entre os países. Acordo pelo qual o Brasil passa a possuir uma embaixada em Teerã, capital do Irã. A partir desse acordo a relação entre os países estreitou e em 1965 o xá iraniano, uma espécie de imperador na cultura persa, Mohammad Reza Pahlavi visitou o país  com o objetivo de incentivar a cultura brasileira no Irã, através da nossa literatura, cinema, teatro e até intercambio entre docentes brasileiros e iranianos.

Outros acordos foram firmados, e em 1975 os países assinaram um acordo de cooperação econômica e técnica. No ano de 1980 o Brasil declara neutralidade na guerra entre Irã e Iraque, todavia o governo brasileiro vendia aviões de guerra produzidos pela Embraer para o Irã.

Após a revolução no Irã,  onde o país passou a ser uma república, o então presidente José Sarney assina novo acordo com o Irã reforçando os laços entre o Brasil e Irã. Nos anos seguintes até início dos anos 2000 a relação entre os países esfriou, se tornando cada vez mais raro o encontro entre autoridades do Brasil e Irã.

Durante o Governo Lula (2003 - 2010) a relação entre o Brasil e Irã foi estreitada. Em outros governos a relação sempre foi de neutralidade. O ex presidente Luiz Inácio Lula da Silva mantinha próxima a relação do país com o Irã, intensificado os encontros diplomáticos com o objetivo de aumentar comércio exterior entre o Brasil e Irã, além incentivar o diálogo sobre os direitos humanos e o polêmico programa nuclear iraniano, razão de diversas sanções comerciais ao Irã.

Foi nessa fase de relação estreita entre os países que o Brasil foi responsável por costurar o acordo nuclear com o Irã, o acordo Teerã, assinado em 2010. Nesse acordo o Irã se comprometia a seguir proposta da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), órgão da ONU que fiscaliza programas nucleares. O Acordo foi considerado um avanço, e ajudou a esfriar os ânimos dentro do conselho de segurança da ONU.

No Governo Dilma (2011-2016) a relação entre o Brasil e Irã esfriou amigável. o Brasil se distanciou, adotando certa cautela e o Irã manifestou o seu incômodo com o novo direcionamento da diplomacia brasileira, inclusive com crítica direta do porta-voz do presidente iraniano, Ali Akbar Javanfekr, que declarou que a presidente tinha destruído a relação de amizade entre os países.

O Governo do presidente Bolsonaro aumentou o distanciamento entre Brasil e Irã, após a morte do general iraniano Quassem Solemani por misseis americanos, o Itamaraty emitiu nota em concordância com as atitudes dos Estados Unidos, o que desagradou e muito o Governo Iraniano, demonstrando o total distanciamento do Brasil e Irã.

3) Brasil perde neutralidade

A política externa brasileira sempre foi conhecida pela sua neutralidade. Diante de grandes conflitos o Brasil sempre adotou tom apaziguador, firmado uma imagem no mundo de sua posição mais centralizada. Nos últimos dias, com o conflito entre os Estados Unidos e Irã o governo brasileiro mudou o tom, se posicionou a favor do vizinho americano e perdeu o tom neutro.

Após declaração do Itamaraty concordando com os atos americanos, o governo iraniano pediu a representante do Brasil no Irã, Maria Cristina Lopes, a prestar explicações sobre o posicionamento brasileiro diante da morte do general iraniano.

Brasil e Irã são parceiros comerciais
Brasil e Irã são parceiros comerciais

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Em nota o Itamaraty condenou ataques a embaixada americana no Teerã, e afirmou concordar com a ação anti “terrorismo” americana. O presidente Jair Bolsonaro ainda declarou que considerava o general Solemani um terrorista. Essas declarações foram consideradas uma traição pelo governo do iraniano estremeceu a relação entre o Brasil e Irã.

Maria Cristina Lopes, representante diplomática do Brasil no Irã, explicou as autoridades do país persa que o Brasil deseja manter a boa relação com o país e manter o comércio entre eles, e que as declarações dadas pelo governo brasileiro não afetam a vontade de manter uma boa relação entre Brasil e Irã.
Em fevereiro de 2019, o Brasil, representado pelo ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, participou da conferência sobre a paz no Oriente Médio, que ocorreu em Varsóvia, na Polônia, conferência organizada pelo secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo.

Especialista afirmam que a conferência tinha um viés claramente anti-iraniano. Além do Brasil, outros países estavam como Arábia Saudita, Emirados Árabes e Israel. Todos eles considerados inimigos do Irã no oriente médio. Ficou estipulado que o Brasil será a sede da nova edição do evento, que ocorrerá em fevereiro de 2020. Este fato ocorreu antes da intensificação do conflito dos americanos com iranianos, e o que parecia a princípio um fato sem relevância ganha ares de importância na diplomacia brasileira e pode trazer um total afastamento do Brasil e Irã.

4)Sanções Comerciais

O Irã sofre sanções comerciais de diverso países no mundo e inclusive da ONU. Essas sanções tiveram início após Revolução Iraniana, que ocorreu em 1979. Os Estados Unidos impuseram sanções comerciais que impedem até mesmo empresas americanas de negociar com o regime iraniano, está incluso na sanção o impedimento de investir em petróleo no Irã, gás e petroquímica, proíbe as exportações de produtos petrolíferos refinados e os negócios com o Exército dos Guardiães da Revolução Islâmica. Essa sanção ainda inclui as transações bancárias e de seguros, até mesmo com o Banco Central do Irã, transporte marítimo, serviços de hospedagem de sites para empreendimentos comerciais e serviços de registro de domínio.

Sanções Comercias podem afetar o Brasil
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As sanções comerciais impactam e muito a economia do Irã. O isolamento do país enfraqueceu a sua economia. Em 2015 as sanções foram suspensas com a assinatura do acordo nuclear. Todavia em 2018 os EUA retomaram as sanções de forma unilateral, quando o presidente Trump se retirou do acordo nuclear. As novas sanções incluem a proibição de importar do Irã tapetes, aço, carvão e alumínio. O presidente americano anunciou no dia 09 de janeiro de 2020 novas sanções ao Irã com duração de 6 meses, e se iniciam 13 de janeiro.

As sanções afetam pouco a relação comercial entre o Brasil e Irã, uma vez que não atingem alimentos. Contudo, os Estados Unidos impões sanções inclusive para outros países que transacionam com o Irã. Negociar com o Irã é irritar a principal economia mundial. Apesar do grande potencial do mercado o Brasil explora pouco essa parceria, apesar disso o Irã é um dos principais destinos do milho e carne brasileira.

A nova sanção que inclui a proibição de transacionar o dólar com iranianos é preocupante e pode afetar os exportadores brasileiros, uma vez que nas transações de exportação muitas às vezes têm intermediação de bancos americanos no câmbio da moeda.

5) Comercio Exterior em Conflito

O comércio global sempre decai em tempos de conflitos, claro que esse impacto depende muito do tamanho e a região geopolítica em conflito.

Devido ao novo posicionamento apresentado pelo Brasil, o agronegócio fica preocupado com um eventual boicote aos produtos brasileiros pelo país persa. O esfriamento da relação diplomática, Brasil e Irã, não é interessante do ponto de vista comercial.

Relação entre o Brasil e Irã pode afetar agronegócio
Relação entre o Brasil e Irã pode afetar agronegócio

*Brasil e Irã intensificam relação comercial

A eventual dificuldade de exportar para o Irã, deverá acarretar um peticionamento de parte do milho brasileiro a outros destinos no exterior ou até mesmo ficar no mercado interno. Ainda assim uma possível estagnação da exportação do milho preocupa.

Navegue pelo Portopédia:
*OMC - Organização Mundial do Comércio

*BIS- Banco de Compensações Internacionais

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