A produção mais limpa faz parte da gestão ambiental empresarial. Sua metodologia está baseada no Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente que possui o objetivo de aumentar a eficiência global no uso de recursos e promover o desenvolvimento sustentável (ONU,2020).
Como parte de uma estratégia ambiental, a empresa que utiliza o programa de produção mais limpa pode obter competitividade no mercado global por ser uma empresa “sustentável”.
Aprenda um pouco mais sobre produção mais limpa e como aplicar em sua empresa.
O que é produção mais limpa?
O Centro Nacional de Tecnologias Limpas do Senai, define produção mais limpa como “ a aplicação contínua de uma estratégia econômica, ambiental e tecnológica integrada aos processos e produtos, a fim de aumentar a eficiência no uso de matérias-primas, água e energia, através da não-geração, minimização ou reciclagem de resíduos gerados em um processo produtivo” (USP,2018).
Através da aplicação desta estratégia ambiental de produção mais limpa, uma empresa obtém desenvolvimento sustentável e competitividade, fomentando também o desenvolvimento de toda a região em que está instalada.
Produção-fim-de-tubo X Produção Mais Limpa
Os programas de gestão ambiental mais tradicional foca principalmente no tratamento dos resíduos e emissões gerados no processo produtivo. Essa técnica é conhecida como produção-fim-de-tubo, onde a preocupação vai “do berço ao túmulo” (USP,2018).
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A produção mais limpa aplica a gestão ambiental desde a obtenção da matéria-prima até a sua chegada ao cliente, e posteriormente a logística reversa do produto. São aplicadas várias estratégias preventivas que visão uma produção que minimiza a produção de resíduos e emissão na fonte.
Como aplicar a Produção Mais Limpa?
Para se iniciar uma produção mais limpa, a empresa deve primeiro realizar uma pré-avaliação de toda sua operação, analisando todas as atividades executadas pela empresa, estudando em quais plantas industriais ou processo de produção se pode aplicar a P+L. Posterior a isso, se prepara um fluxograma identificando as etapas de aplicação do programa.
Após a fase de pré-avaliação, o próximo passo é a capacitação e sensibilização dos colaboradores da empresa sobre os fundamentos da Produção mais limpa. Nessa etapa é importante explicar aos funcionários as fases que a empresa passará para aplicar a técnica, quais plantas industrias serão modificas, produtos, etc.
Em um terceiro momento se deve fazer uma elaboração do diagnóstico ambiental e de processos da empresa, essa etapa é a base da produção mais limpa, uma vez que a empresa deve analisar a sua relação real com o meio ambiente, examinando:
1. As suas principais matérias primas e insumos, e como elas agridem o meio ambiente;
2. O volume de produção;
3. Quais a fontes de abastecimento de água da fábrica ou empresa e o destino dado a ela;
4. Equipamentos utilizados na produção,
5. consumo de combustível da produção;
6. consumo de energia.
7. Localização da armazenagem dos insumos e matérias primas;
8. A conformidade com a legislação ambiental;
9. Tratamento e destinação dos resíduos sólidos gerados;
10. Existência de efluentes líquidos e a sua destinação e tratamento;
11. A existência de emissões atmosféricas e o controle utilizado;
12. Os custos gerados pelo controle de todas as outras etapas.
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Após o diagnóstico, deve-se junto com o fluxograma elaborado na fase de pré-avaliação, realizar um balanço ambiental, econômico e tecnológico de toda a produção desde a entrada da matéria- prima até a saída, avaliando como tornar mais eficiente ambientalmente o processo de produção, colocando como foco os motivos pelos quais se emite resíduos e como isso pode ser minimizado.
Economicamente a avaliação deve ser em como conter os custos gerados pelo tratamento dos afluentes, resíduos sólidos e a emissão atmosférica. Com uma noção dos custos da gestão ambiental e de como sua produção polui o meio ambiente, a empresa estuda o nível tecnológico adotado por ela, e como se pode buscar novas técnicas que diminuem os custos e riscos.
Com as informações levantadas a próxima etapa é de identificar as oportunidades, ou problemas, encontrados, e onde aplicar a metodologia da produção mais limpa para a solução do que foi diagnosticado. Nessa fase é essencial dar atenção aos pontos mais críticos da produção, os que possuem menos eficiência e geram mais resíduos.
Por fim, é preciso priorizar a prevenção da geração dos resíduos, e para isso a organização trocará a matéria-prima, substituirá suas tecnologias, aplicará técnicas de housekeeping. Eventualmente se necessário poderá cancelar a produção de algum produto que apresente problemas ambientais significativos, substituindo por uma linha mais sustentável.
Quais as vantagens da Produção Mais Limpa?
Uma produção mais limpa concentra a sua atenção na eficiência operacional, a substituição de materiais perigosos e a minimização de resíduos. O que acarreta redução de desperdícios, maior adequação as leis ambientais, menor impacto ambiental na produção e uma melhor imagem diante do cliente e melhor relacionamento com os órgãos ambientais.
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Com a aplicação do P+L a empresa pode se tornar mais competitiva globalmente, uma vez que o mundo moderno tem valorizado cada vez mais as questões sustentáveis e dado valor as empresas que colocam o desenvolvimento sustentável como foco.
Casos de Sucesso da Aplicação da Produção Mais Limpa
A Natura é uma das empresas brasileiras que aplicam a produção mais limpa. A empresa assinou compromisso de desenvolver valores e práticas sustentáveis até 2050. O investimento nessa visão de futuro se iniciou há algum tempo, com a troca de matéria-prima, onde 90% de suas fórmulas são feitas com ingredientes naturais, renováveis e nativos do país, o que ajuda a desenvolver a economia de certas regiões do Brasil. Desde de 2006 a organização passou a não testar em animais, um outro ponto forte.
A empresa também vem investido fortemente em logística reversa. A natura além de disponibilizar refil para a maioria de suas linhas, ainda investiu na linha Ekos em embalagens rastreáveis e recicláveis. Isso foi possível através de uma parceria com a Braskem, e a utilização de plástico verde nas embalagens dessa linha.
Outro ponto de sucesso na aplicação da produção mais limpa na Natura, foi o uso de energia solar para ajudar na redução de emissão de carbono da empresa. A aplicação de 1.800 m2 na fábrica de Cajamar em São Paulo, permite uma redução anual de 37 tonelada de CO2. Essa é a maior instalação de painéis solares do mundo.
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Com a utilização de produção mais limpa, a Natura aplicou uma estratégia de internacionalização onde é vista como uma marca “verde”, com selo UEBT (Union for Ethical Biotrade), que atesta que todos os ingredientes da sua linha Ekos são sustentáveis, ela se colocou no mercado global como uma empresa amiga do meio ambiente. No Brasil a empresa é a maior do seu segmento e vista como exemplo de sustentabilidade.
Outra empresa que atualmente se destacou por sua produção mais limpa foi a Esmaltec S/A. A empresa a investiu em máquinas, equipamentos e processos que evitam e reduzem a produção de resíduos e a emissão de gases poluentes, em toda a sua produção de eletrodomésticos desde 2005, inclusive recebeu o Prêmio Fiec por Desempenho Ambiental.
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Fonte:
*USP
*Natura
*Diário do Nordeste
*DE MAGALHÃES WERNE, Eveline; GARCIA BACARJI, Alencar; JOSÉ HALL JOSÉ HALL , Rosemar. SEGeT – Simpósio de Excelência em Gestão e Tecnologia. In: Produção Mais Limpa: Conceitos e Definições Metodológicas . [S. l.], 2009
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