Quinta, 21 Novembro 2024

O grande problema no cenário offshore brasileiro é o fato de muitas companhias adotarem o IMCA M 117 (Training and Experience of Key DP Personnel) como o topo dos procedimentos, quando, na verdade, tal diretriz é a base para o início de toda uma estrutura mitigatória.

Empresas de navegação com embarcações DP (sistema de posicionamento dinâmico) deveriam ter departamentos técnicos, gerenciados pelo Company DP Authority, somente pra lidar com demandas referentes ao sistema DP, porque é um equipamento crítico com uma grande quantidade de periféricos, além da sua relevância: sem DP ou algum periférico de redundância, não há operação, acarretando no prejuízo do downtime para o armador.

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Foto: International Marine Contractors Association (IMCA)

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Tais empresas têm que investir em treinamentos via simuladores, além de conscientizar seu corpo técnico sobre as diretrizes de segurança do DP.

Para otimizar seus procedimentos, relaciono algumas sugestões, que devem ser avaliadas pelo Compan:

- Adaptação ao excelente guia da OCIMF (DP assurance framework) que possui ótimas recomendações para treinamento, incluindo, quando possível e em segurança, práticas no Manual;
- Gerir para os oficiais a importância do conhecimento a se adquirir durante os Annual Trials (IMCA M 190), principalmente pelo fato do mesmo poder ser realizado pelo pessoal de bordo;
- Verificar se a empresa está realmente alinhada às boas práticas para operação (IMCA M 103); 
- Verificar também se toda a documentação de bordo está em conformidade com o IMCA M 109;
- Otimizar a consciência e a importância do capability plots antes e durante as operações, principalmente para o risco de se operar com resultantes próximas através da embarcação;
- Checar se os procedimentos operacionais, junto com a CAM, TAM e ASOG, estão alinhados ao IMCA M 220;
- E, não menos importante, colocar o IMCA 182MSF como prioridade para as boas práticas operacionais.

Essas são diretrizes básicas, que não se limitam a tais documentos e que poucos fazem uso ou conhecem, mas são de suma importância para construção de procedimentos de DP.

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São boas práticas operacionais que apesar de estarem no papel, transcendem ao mesmo e mesmo assim são pouco enraizadas nos Operadores de DP (DPO). Podemos somar ainda qualificação técnica dos DPOs, como o DP Técnico. Ter cursos de intertextualidade de sistemas é outro diferencial.

Muito se fala em treinar os oficiais na prática, mas na hora de colocar a embarcação em DP pra fazer um treinamento, visando cumprir requisitos IMCA e OCIMF, poucos têm essa atitude por conta dos gastos com óleo diesel ou por gerar um downtime. Simuladores são importantes, mas nem sempre refletem as nuances de uma determinada embarcação.

Por fim, DP é mais do que apertar botão: é o DPO estar sempre aplicando conceitos náuticos, calculando forças, buscando identificar qualquer anomalia, entendendo sobre as linhas de pressão hidrodinâmica no casco e sendo rápido para investigar possíveis alterações, visando à segurança operacional e pronto para interceder tão rápido quanto possível se necessário. Tal cenário mitigatório vem não somente com o tempo, mas com treinamentos eficientes.

O que temos presenciado é uma grande falta de compliance no segmento. Precisamos agir de forma a prevenir tais desvios, aumentando a eficiência das operações e segurança dentro das AJB.

Raphael Aureliano é Oficial de Náutica, Full DPO, pós graduado em Engenharia Naval e Offshore e pós graduando em Direito Marítimo pela Maritime Law Academy (MLAW)

 

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