Durante a Conferência de Desenvolvimento Portuário da Vale, realizada no período de 6 a 8 de novembro, dentro da Expo Indústria Maranhão, na capital São Luís, foi discutido o avanço do setor portuário com a adaptação dos sistemas virtuais para facilitação dos trâmites do comércio exterior do País. Os painéis do evento tematizaram as inovações da Aduana e os ganhos com a implantação do sistema Porto sem Papel (PSP).
Imagem da III Conferência de Desenvolvimento Portuário - Divulgação: Najla Buhatem Maluf
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Aqui destaco os principais pontos de enriquecimento obtidos com a implantação de um sistema único de troca de informações, como meios de facilitação das etapas no comércio exterior brasileiro, tendo em vista a atracação, operação e desatracação do navio. O PSP, apesar de manter os mesmos procedimentos junto aos órgãos anuentes e às agências marítimas e armadores, foi incontestavelmente destacado durante o painel reflexivo da Conferência como um dos principais sucessos recentes relacionados ao setor portuário.
Virou clichê comentar sobre a quantidade de gargalos na logística marítima e portuária, além da exposição nos meios de comunicação sobre o excesso de burocracia e falta de clareza nos procedimentos. Ambos impactam pontualmente nos custos portuários, que junto à infraestrutura precária nos portos e nos modais de transporte, consistem em um dos grandes empecilhos para maior eficiência na logística brasileira.
Em contrapartida, reclama-se da interveniência desmedida de alguns órgãos nas atividades do setor, cada um requisitando os mesmos documentos e informações, gerando procrastinação desnecessária nos procedimentos portuários e do comércio exterior. Observando tais inconveniências, vislumbrou-se o projeto da Secretaria Especial dos Portos da Presidência da República (SEP/PR) para a criação do PSP, seguindo as coordenadas da Organização Marítima Internacional.
O exitoso projeto, presente nos 34 portos públicos, visa reunir em um único portal todas as informações exigidas pelos órgãos intervenientes junto ao agente marítimo/armador: Autoridade Marítima, Autoridade Portuária, Anvisa, Polícia Federal, Ministério da Agricultura e Receita Federal. Uma matrix que controla estrategicamente a funcionalidade das operações rotineiras de movimentação de carga nos portos.
A janela única de acesso ao Documento Único Virtual (DUV) relocou todos os documentos em “papel” outrora utilizados, assegurando a sustentabilidade ambiental e menores custos. Todos os dados ficam acessíveis aos entes em uma só plataforma virtual de dados, o que contribuiu significativamente para a precisão, harmonização e um comando célere e proveitoso das ferramentas.
Os portais únicos presentes hoje na cadeia instrumental do comércio exterior só vieram para agregar. A discussão na Conferência da Vale deixou claro que o uso sensato dos dados no sistema para uma organização no setor só promove otimização dos investimentos públicos, além de diminuir despesas e melhorar o rendimento na logística.
A Conferência da Vale de Desenvolvimento Portuário foi realizada pela terceira vez e visa tratar dos temas vinculados ao setor e melhorias a serem realizadas na infraestrutura e logística do Brasil. É importante destacar que o TUP Ponta da Madeira, administrado pelo companhia, é o maior em movimentação de carga do País, operando no último ano cerca de 200 milhões de toneladas de minério de ferro, tornando o S11D o maior projeto da Vale.
Najla Buhatem Maluf é cientista política, advogada e especialista em Comércio Exterior e Direito Marítimo pela Maritime Law Academy