Os portos brasileiros estão entre as instalações mais impactadas pela greve de caminhoneiros - com provável envolvimento de transportadoras e de grupos com motivações políticas. O movimento chegou ao décimo dia nesta quarta-feira, 30 de maio. Para reduzir os graves impactos de abastecimento e no mercado de comércio exterior, a Receita Federal autorizou, em caráter especial, o transbordo de granéis agrícolas (milho, sorgo e farelo de soja) na área alfandegada de Capuaba, no Porto de Vitória. A medida foi solicitada pela Companhia Docas do Espírito Santo (Codesa), devido ao caos logístico causado pela greve.
A autorização é válida por 30 dias, podendo ser prorrogada enquanto persistir a situação emergencial apresentada pelos setores de avicultura e suinocultura capixabas. O pedido, assinado pelo diretor de Infraestrutura e Operações, no exercício da presidência, Guilherme Magalhães, foi no sentido de obter autorização para operar, dentro do recinto alfandegado, com mercadorias nacionais destinadas ao mercado interno. Em seu despacho, a partir da demanda da Codesa, o delegado-adjunto da Receita Federal, Jaques Mauro Soares, considerou a excepcionalidade da concessão como forma de contornar a crise no abastecimento, devido ao impedimento de utilização da logística rodoviária.
"Existe a urgência na demanda do produto para evitar a morte de animais nas granjas capixabas, em razão da paralisação dos caminhoneiros", observou o presidente da Codesa, Luis Claudio Montenegro. "A companhia sente-se no dever de contribuir para a redução dos severos impactos à estabilidade produtiva do Estado".
Leia também
* Caminhões bloqueiam acesso e terminais de Vila Velha deixam de funcionar
* Temer: despreparo, incompetência, confusão
* Barcos pesqueiros aderem à greve e prejudicam operações em Santos e Itajaí
Segundo as associações ligadas ao agronegócio, setores de avicultura e suinocultura capixabas já amargam prejuízos de cerca de R$ 50 milhões, e 30 milhões de aves e 150 mil suínos podem morrer por falta de ração, causando graves impactos sanitário, ambiental, econômico e social. As informações foram cedidas pela Coordenação de Comunicação da Codesa.