Domingo, 20 Julho 2025

Dia a Dia

“As estruturas físicas da cidade influenciam o comportamento humano” (Jan Gehl)

Causa perplexidade e indignação a esquisita autorização dada pelo ministro de Portos e Aeroportos, Sílvio Costa Filho (Republicanos) da construção de um outro terminal de cruzeiros marítimos, em Santos, abrangendo área municipal, na Ponta da Praia e denominado de Santos + Vivo. E mais, sem levar em conta e conhecendo sobejamente já haver área aprovada pela Prefeitura, para construção de um amplo e moderno terminal para receber os navios de turismo, sem impactar a vida da cidade. Tanto que, por isso tudo, a prefeitura rejeita publicamente este projeto autorizado pelo ministro, por estar em desacordo com o Plano Diretor Municipal, por causar impactos ambiental e urbanístico, que provocam novo e grave rumor no setor portuário e fragilizam a imperativa boa relação porto-cidade.

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Imagem gerada por IA

A movimentação intensa de veículos ao redor do terminal de passageiros transportando turistas que embarcam ou desembarcam, também irá prejudicar o fluxo de veículos urbanos e promover graves congestionamentos, como já ocorre na Ponta da Praia. Um cenário estranho e que deve ser tratado com o rigor da lei, levando em conta opinião de especialistas e análise de impactos aos moradores dessa região. Cabe à Autoridade Portuária de Santos abrir esse debate público. Pois, tais fatos devem ser profundamente investigados, para esclarecer indubitavelmente a inadequação desta proposta. Pois, mesmo tendo sido percebida a sua desclassificação, o ministério de Portos prosseguiu com o processo na tentativa de implantar um projeto financeiramente vultoso, quanto questionável. É papel do Congresso Nacional julgar funções atípicas e são esperadas as manifestações a respeito dos deputados da região.

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Portanto, é estranho o grave silêncio da Autoridade Portuária de Santos diante de um tema, previsto na Lei dos Portos, tão relevante para o futuro da cidade e do Porto de Santos, como a autorização de Instalação Portuária de Turismo. Seu papel institucional exige posicionamento claro e compromisso com o planejamento portuário responsável e integrado ao tecido urbano. Neste momento, cabe à sociedade santista, em especial a Câmara Municipal de Santos, mobilizar-se e exigir respeito. O futuro da cidade não pode ser decidido à revelia de seus cidadãos. Por que, mesmo tendo sido percebida a desclassificação da proposta, o Ministério de Portos prosseguiu com o processo na tentativa de implantar um projeto financeiramente vultoso e sem a segurança devida?

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O presidente Lula tem um trecho forte da sua biografia escrito sobre anos de infância em que morou no Itapema, no Guarujá. Menino pobre, ele vendia para os trabalhadores do Porto de Santos salgados que sua mãe fazia. Por isso, sabe a importância regional e nacional desse complexo portuário, o principal do Brasil. Bem como, quanto é necessário o esclarecimento de tantos detalhes esquisitos desse arrendamento, que deve seguir os ritos normais e não levantar tanta polêmica. Tratando-se do principal porto do Brasil, o caso vai ter repercussão, como já é comentado em cantos da cidade de Santos. Decerto, o presidente é o mais interessado em garantir um ambiente sustentável, com muita luz sobre esse caso, como referência para os grandes projetos já anunciados, como o túnel submerso e terminal de contêineres STS10. Há muitas formas de ampliar a transparência necessária desse caso.

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A cidade de Santos não pode ser surpreendida por decisões unilaterais de Brasília, com as quais não concorde. Assim sendo, cabe neste momento à sociedade santista mobilizar-se através das entidades representativas e exigir respeito. O futuro da cidade não deve e não pode ser decidido à revelia dos seus cidadãos. Em tempo de ESG, a boa governança é determinante e a disponibilidade de informações sobre o espaço urbano um imperativo. Trata-se de demonstrar a capacidade de receber, em média, 100 ônibus de translado, mais de 1.100 veículos leves e mais de 60 vans no dia em que o navio de turismo estiver atracado, sem criar impacto no espaço das pessoas. Por tudo isso e muito mais, surpreende admitir que uma obra desse porte avance sem um estudo técnico aprofundado de impacto urbano e ambiental.

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Enquanto um presidente estadunidense usa seu TACO para investir sem argumentos contra outras economias

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Editorial | Coluna Dia a Dia

Ainda resta muito o que fazer para se alcançar o nível ótimo de eficiência e eficácia no suprimento e na distribuição (Ronald H. Ballou)

As divergências do leilão do Tecon Santos –10 (STS10), para arrendar o futuro mega terminal de contêineres no Porto de Santos, pode ir bem além da forte polêmica entre o governador do Estado de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e a ANTAQ. Até mesmo vir a ser um caso sonoro indesejável durante a campanha do presidente Lula na busca do quarto mandato e influenciar a nossa balança comercial que está num crescendo. No sentido de colocar luz sobre este assunto, Portogente encaminhou quatro perguntas (abaixo) à Autoridade Portuária de Santos sobre este arrendamento, sem obter resposta até agora. Há, também, tantos outros questionamentos sobre soluções e responsabilidades, subordinados às aguardadas respostas claras.

❓ 1. Qual a justificativa de não colocar alguma restrição a qualquer interessado no acesso ao leilão do STS10?

❓ 2. Um dos princípios que norteiam o marco regulatório dos portos é promover a concorrência entre portos e intraportos. Se apenas um grupo ganha a concorrência representando os próprios armadores, estabelece o oligopólio, o que não é do interesse do Brasil. Como, então, evitar práticas anticompetitivas?

❓ 3. Ao que parece, a ANTAQ não permite o oligopólio de armadores. Dessa forma, como será possível contornar a posição da ANTAQ?

❓ 4. Alguma restrição ao acesso de qualquer concorrente?

Veja mais: A hora e a vez do Porto de Santos

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O Porto de Santos também faz parte de a importante estrutura logística do corredor ferroviário Brasil-Peru, um projeto em franco andamento para o qual foi assinado acordo com a China, para o estudo da ligação ao recém-inaugurado Porto de Chancay, a 70 km de Lima, no Peru, conectando os oceanos Atlântico e Pacífico. Um contexto da Rota Bioceânica que também acopla o Porto de Antofagasta, no Chile, expandindo a Rota da Seda até o Porto de Santos. Portanto, é imperativo analisar o projeto STS10 à luz e como balizador dessa próspera oportunidade que bate à porta. E que já se expõe à perda de competitividade por falta de profundidade nas águas de acesso ao Porto de Santos, para receber a modernidade da navegação global dos big ships.

Veja mais: A hora e a vez do Porto de Santos

Como destacou na última 4ª feira o Valor Econômico: “A necessidade de o Brasil aprimorar sua infraestrutura logística e investir no uso mais equilibrado dos meios de transporte rodoviário, ferroviário e hidroviário se torna cada vez mais premente”. Pois o contexto da Rota Bioceânica também conecta o porto de Santos, no Brasil e o continente Sul-Americano. A inauguração é prevista para breve. Um complexo de produção e distribuição que impacta positiva e sobremaneira, bem como potencializa novos arranjos logísticos a partir do STS10.

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Por tudo que se assistiu até agora sobre o mega terminal de contêineres STS10, ainda nota-se falta de percepção suficiente sobre este projeto. Razão das perguntas que Portogente encaminhou à Autoridade Portuária de Santos. Está aberto um amplo debate na web focado na administração do Porto de Santos, convidando opiniões experientes e balizadas sobre o assunto. Como ocorreu com sucesso a reforma desse porto em 1996: um debate norteado por “Diretrizes Estratégicas para Eficientização, Remodelagem, Expansão e Inserção Regional do Porto de Santos”. Tratou-se de um diálogo amplo e exitoso; inteligível e adequado, também, nos atuais parâmetros; mesmo considerando nessa avaliação a ampla defasagem com o tempo presente. A começar com a seguinte pergunta: “quanto eficiente pode ser o projeto STS10 como elemento de uma ampla e eficiente malha logística, nos padrões e arranjos modernos?“

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Ele disfarça, arrota umas taxas aqui, um decreto para o mundo cumprir ali, mas lá no íntimo ele sabe 

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O fundamental é a produtividade do capital (Peter Drucker)

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*O Dia a Dia é a opinião do Portogente

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