Editorial | Coluna Dia a Dia
"A política oferece as condições para a solução de grandes conflitos da sociedade. É o espaço mais nobre para a solução de grandes conflitos. Mas a inércia não é uma opção" - Jorge Messias, advogado-geral da União. Brasília, 1º/7/2025, 10:55.
“Perfeito!”, diz o povo brasileiro. Vamos então submeter a esse crivo uma questão crônica e premente, que gera grandes conflitos e para a qual a inércia realmente não é uma opção. Saiamos da capital federal e dos outros centros de poder, para um pequeno giro pelo porto santista. Poderia ser outro, claro, mas em Santos os dados possuem tamanhos superlativos. O próprio título da matéria dá uma dimensão das perdas para o País.
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As informações eram conhecidas nos setores especializados, mas a sua reunião e divulgação ao grande público, em mídias não setorizadas, mostra a que limites estamos chegando em termos de preocupação popular com o assunto.
Peçamos licença ao autor Wanderley Preite Sobrinho para citar apenas sua primeira frase: “O Brasil vem deixando de movimentar bilhões de dólares todos os anos em razão de um problema crônico: saturados, os portos nacionais não conseguem atender a demanda de mercadorias por problemas de infraestrutura.”
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Resistamos ao ímpeto de confrontar o prejuízo nacional causado pela defasagem estrutural dos portos com o déficit primário da União (despesas, sem os juros) para 2025, que fez o Governo decretar a elevação do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), o Congresso derrubar esse decreto, a questão a ser levada ao Supremo Tribunal Federal (STF) e o advogado-geral da União explicar essa decisão “técnica, não política”.
As fontes de consulta permitirão ao leitor interessado fazer comparações e ver claramente o forte impacto do problema na saúde econômica nacional.
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Fiquemos, com menos “economês” e menos “juridiquês”, apenas na análise comportamental da classe de pessoas convidadas (via eleição periódica) para representar os interesses gerais dos brasileiros. Pois é dessa forma – eleição – que as pessoas escolhem seus representantes para – em nome delas – buscar, debater e encaminhar soluções para os grandes problemas coletivos. Isso é Política.
O que vemos, entretanto, são “emendas pix”, “jabutis” ou “jabuticabas” inseridos em documentos para beneficiar interesses estritos ou no mínimo estranhos ao tema pautado, itens incluídos com o propósito explícito de serem apagados numa negociação “em nome dos interesses maiores da Nação”. Ou, às vezes, passarem despercebidos “junto com a boiada”, como explicou didaticamente, numa reunião gravada tempos atrás, certo ex-ministro Ricardo (não esquecemos!). É uma série de golpes desleais numa disputa pelo poder que mais parece luta-livre. Isso é “política”.
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“Política” e “política”? Qual é a diferença? Aristóteles, clássico filósofo grego, definiu assim o ser humano como “Zoon politikon”, um ser pensante que vive em sociedade, sendo regido por suas próprias normas de convívio social. Pode viver numa ‘democracia’, de ‘demo’ = povo e ‘cracia’ = governo.
Cabe ao ser humano fazer Política, no sentido nobre da palavra, daí a letra inicial maiúscula. Há, porém, um sentido inferior que precisa às vezes ser citado, que por não merecer melhor classificação é grafado ao menos com letras minúsculas, como minúscula é a moral de quem o exerce desta forma.
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O choque de opiniões, interesses e argumentos diferentes é saudável e eleva o nível do debate político. Oposição e Situação se alternam nos cargos conforme a vontade popular, é a chamada Política de Freios e Contrapesos, para evitar os excessos que conduzem à “política” minúscula, de balcão. “Ética de Aristóteles é um estudo de escolha em ação: como o homem deve viver para viver melhor?“
Aprisionado pelo “p” minúsculo, o Porto se ressente de não poder entregar melhores resultados ao País. Enquanto a busca por controle de fatias de poder contamina o debate, todos nós perdemos – até aqueles que diminuem o tamanho dos “p”s: da Política, do Porto, do Povo, do País...
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“Nobres parlamentares!”.... O Brasil precisa de menos “política” e mais “Política”!
Jorge Messias, advogado-geral da União, fala da virtude da Política
Foto: captura de tela/CNN Brasil, 1/7/2025, 10:55.