Poderiam ser mais e melhores os avanços na intenção da presidenta Dilma Rousseff de modernizar os portos brasileiros se tivesse evitado os tropeços ruidosos já no seu primeiro passo, quando colocou em ação o processo de arrendamento de áreas portuárias. A atmosfera de judicialização e gritaria setorial e política até de aliados expõe que a centralização das decisões não é um caminho suave nem eficaz, para fazer com que o setor tenha o tamanho do país. Por isso, o governo foi obrigado a puxar o freio de mão para reavaliar o seu projeto com erros elementares de origem.
O superintendente da Previc, José Maria Rabelo, comentou sobre a decisão daquele órgão, com publicação no Diário Oficial da União (DOU), naquele mesmo dia, dizendo que todos que foram citados no inquérito do Portus estão com seus bens disponíveis e que o processo de fiscalização segue normalmente, para apurar se houve infrações ou não.
Diz o ditado popular que quem conta um conto aumenta um ponto. Talvez seja isso que o governador Geraldo Alckmin esteja tentando fazer para se desviar das graves denúncias de formação de cartel nos contratos para as obras do metrô e trens do governo do Estado de São Paulo, que revelam um esquema ilícito durante os governos de Mário Covas, José Serra, além dele próprio. De uns tempos para cá, o governador faz uma maratona no Estado para anunciar obras, liberação de verbas para isso, para aquilo. Todavia, a sociedade quer saber: o que aconteceu nas licitações das obras do metrô e dos trens em mais de 15 anos dos governos tucanos à frente de São Paulo?
O mundo portuário nacional já sabe que uma dívida milionária da Libra Terminais com a Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), autoridade portuária do Porto de Santos (litoral paulista), rola por corredores brasilienses há muito tempo, mesmo tendo uma decisão judicial favorável à Codesp. Todavia, não sabe que essa mesma empresa recebeu mais um benefício de “pai para filho” dessa mesma autoridade portuária.
Em contato com o Portogente na sexta-feira (4/10), por telefone, Quintella defendeu a investigação urgente da compra desses ativos que viraram depois um “presente de grego” nas mãos da petrolífera brasileira. “Um negócio mal feito que causou muito prejuízo”, critica, e completa: “Se houve má fé só uma investigação minuciosa pode esclarecer.”