O acidente com o trabalhador vinculado da Embraport de nome Maurício, por volta das 16 horas de domingo (29/09), foi num dos porões do navio ‘Don Carlos’. Não foi no cais, como afirma a empresa. O empregado da empresa teve o dedão do pé direito esmagado. Ele foi retirado do porão, gemendo, chorando e às vezes gritando, por um tripulante, que o colocou no convés.
Do convés para o costado, ele foi carregado nas costas pelo estivador Edimilson da Silva Santos ‘Açougueiro’. No solo, Maurício aguardou a ambulância da empresa Bem por cerca de dez minutos. Edimilson tem 48 anos de idade e 22 de estiva. Segundo ele, o acidente ocorreu porque Maurício e seu parceiro de trabalho foram levados a fechar o contêiner ‘flat rack’ no porão do navio.
Foto: Paulo Passos
Estivador fala como socorreu empregado da Embraport, ferido dentro do navio
O estivador explica que esse tipo de contêiner tem que ser fechado no cais, com auxílio de empilhadeira, e não manualmente, a bordo, como aconteceu naquele serviço. “Nenhum estivador experiente aceitaria fechar um contêiner desse tipo no porão”, diz Edmilson. “Todos, na categoria, conhecem o perigo que representa esse tipo de operação”.
Os contêineres flat rack são especialmente projetados para o transporte de cargas pesadas, compridas ou de formato irregular que, de outro modo, seriam transportadas soltas, em navios tradicionais. Eles têm apenas duas paredes frontais, facilitando o carregamento de cargas pesadas pelo topo ou pelas laterais abertas. São ideais para o transporte de tubos, máquinas, peças com formato irregular e bobinas.
Maurício trabalhava no segundo terno e Edimilson, no terceiro. Um porão ao lado do outro. O navio, de longo curso, estava no berço 2 da Embraport e operava com quatro ternos.
“A sorte que o rapaz é magro, o que facilitou descer com ele nas costas, pela escada do navio”, conta o estivador. Segundo ele, a Embraport tem a filmagem de tudo.