Com portos responsáveis pela maior parte das exportações e importações, o funcionamento eficiente desse setor é essencial para garantir a competitividade do Brasil no cenário global.
O setor portuário brasileiro é fundamental para o desenvolvimento econômico do país, desempenhando um papel crucial tanto no mercado interno quanto no comércio internacional. Com portos responsáveis pela maior parte das exportações e importações, o funcionamento eficiente desse setor é essencial para garantir a competitividade do Brasil no cenário global. No entanto, a natureza jurídica dos serviços portuários tem sido objeto de intensos debates nas esferas política, acadêmica e jurídica ao longo das últimas décadas.
Foto: Divulgação
As mudanças legislativas no setor são notáveis. Desde a promulgação da Lei nº 8.630, de 1993, até a Lei nº 14.047, de 2020, o entendimento sobre a natureza dos serviços portuários passou por diversas alterações, especialmente no que diz respeito aos contratos de concessão e arrendamento. Essas transformações impactam diretamente a forma como a exploração dos portos é gerida e refletem a importância estratégica desses serviços para a economia.
A definição da essencialidade dos serviços portuários é de grande relevância, pois influencia como esses serviços serão regulados e tratados pela legislação. De acordo com a Constituição Federal, os portos são de titularidade da União, que pode explorá-los diretamente ou por meio de concessões a particulares. A classificação de tais serviços como essenciais foi reforçada pela Lei nº 14.047 de 2020, que reconheceu a importância da continuidade das operações portuárias durante a pandemia de Covid-19.
A Dra. Marcela Bocayuva, graduada em Direito e Economia pela Universidade de Chicago, nos Estados Unidos, destaca a relevância dessa mudança legislativa: "A essencialidade dos serviços portuários já estava implícita na função econômica que desempenham, mas a Lei nº 14.047 de 2020 formalizou esse entendimento. Isso foi crucial para garantir que, mesmo em momentos de crise, como na pandemia, o funcionamento dos portos não fosse interrompido, evitando assim um colapso na cadeia de suprimentos."
Essa categorização garante que os serviços portuários, mesmo quando prestados por concessionárias privadas, sigam sendo regulados sob a ótica do interesse público, com o Estado mantendo a titularidade e a responsabilidade última sobre sua operação.
A importância dos portos vai além da logística de exportação e importação. Segundo dados do Ministério da Infraestrutura, o Brasil conta com 36 portos públicos e mais de 250 terminais privados. Esses complexos movimentam 98% das exportações e mais de 92% das importações do país em termos de volume, conectando a economia brasileira ao mercado internacional e garantindo o abastecimento de bens no mercado interno.
De acordo com a Dra. Marcela Bocayuva, o impacto do setor portuário na economia nacional é profundo: "Os portos são catalisadores do desenvolvimento econômico e social. Eles facilitam o comércio exterior, promovem a competitividade das empresas brasileiras e, ao mesmo tempo, geram empregos e fomentam a economia regional nas áreas em que estão localizados."
O relatório de avaliação concorrencial da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) também destaca a importância do setor para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. A eficiência portuária está diretamente relacionada à capacidade do Brasil de melhorar sua posição no ranking global de competitividade, segundo o Fórum Econômico Mundial.
Apesar de sua importância, o setor portuário brasileiro enfrenta desafios. Entre eles estão a alta carga tributária, a burocracia e a necessidade de modernização das infraestruturas portuárias. Além disso, a concorrência com outros mercados internacionais impõe a necessidade de inovação constante para manter a eficiência e a competitividade.
"Para que o Brasil continue avançando no setor portuário, é essencial investir em modernização e buscar uma gestão mais eficiente das concessões e terminais", afirma a Dra. Marcela Bocayuva. Ela destaca ainda a necessidade de políticas públicas que incentivem a melhoria da infraestrutura e da logística portuária, o que trará benefícios diretos para o comércio exterior e a economia como um todo.
O futuro do setor portuário no Brasil, segundo especialistas, depende de uma combinação de investimento em tecnologia, aperfeiçoamento das regulamentações e maior integração entre os setores público e privado. Com a crescente demanda global por produtos brasileiros, os portos precisam estar preparados para garantir que o país continue competitivo no cenário internacional.