A integração no planejamento, gestão e operação das políticas urbanas e portuárias, beneficiam o porto, a cidade e a população. (Ministério da Infraestrutura)
Quem vem ao Porto de Santos arrisca-se a viver chagas, como a da foto e a que ocorreu na semana passada, aqui relatada: “Cheguei à Baixada no início da noite. Chovia muito, ao passar o monumento “Peixão”, errei o caminho e peguei o viaduto que acessa o Retão da Alemoa. Ao final do viaduto, quase em frente ao terminal da Stolthaven, ultrapassando uma poça d´água, cai em um buracão e a roda do meu carro ficou danificada.” Estamos falando da área de granéis químicos do principal porto do Brasil, cuja administração diz ter R$1,5 bilhão em caixa. Isto precisa ser intolerável e responsabilizado.
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Afinal, esse cenário não é ínfimo: trata-se de uma zona de produtos perigosos, em precário estado de conservação e próximo à zona urbana, onde há poucos anos ocorreu o pior incêndio da história do porto, por desrespeito às normas. A responsabilidade pela manutenção desse trecho, com sinalização e conservação precárias, é da Autoridade Portuária. Um retrato, de uma gestão incompatível com a relação devida com a atividade portuária. Pois, a Autoridade Portuária descumpre a sua competência de executar obras de melhoramento e conservação, expondo vidas ao risco.
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Tais desmandos não param por aí e ocorrem em outros trechos da poligonal portuária, área que define a zona do porto. Ao atravessar o canal de acesso ao porto, na margem esquerda, na Rua do Adubo, em Guarujá, é um cenário urbano que rasga as práticas Ambiental, Social e Governança (ESG-sigla em inglês). Decerto, hoje há travas para esses riscos generalizados e, certamente, elas deverão ser aplicadas com rigor. Trata-se de mais um caso de relação porto-cidade defeituosa e que viola o direito da cidade para as pessoas.
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Dentro de três meses, no máximo, o Porto de Santos muda sua diretoria. É hora de promover uma inflexão na gestão do principal porto do hemisfério sul e, assim, corrigir o rumo para o Porto do Futuro. O contrato da dragagem com a Van Oord, fora das quatro linhas da constituição, precisa de luz do sol e ser alinhado aos objetivos do negócio portuário. O legado que a próxima diretoria do Porto receberá da atual é, em poucas palavras, caótico. Decerto, há capacidades para promover as correções necessárias.
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O Porto de Santos, depois da gestão Docas de Santos, teve raras administrações à altura do seu papel. A penúltima saiu algemada pela Polícia Federal. Há competências no Brasil para formar uma diretoria que construa um projeto de porto do futuro, com competitividade global. E convém que essa escolha seja tratada no âmbito da própria comunidade do porto. A parte mais interessada em bons resultados.
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