O canal de acesso ao mais importante porto do Hemisfério sul, o Porto de Santos, separa duas cidades onde situam-se as margens portuárias. Por isso, o sonho de uma ligação seca é acalentado há mais de um século. Contudo, estudos como o do túnel submerso elaborado em 1927 por Enéas Marini; o da ponte no interior do estuário em 1948 pelo arquiteto e ex-prefeito de São Paulo Prestes Maia; do túnel submerso em 2013 e da ponte estaiada em 2010, jamais saíram do papel. Enquanto isso, a logística do porto se apequena por ligação deficiente das suas margens. Mesmo assim a atual Autoridade do Porto, a Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), quer demolir o projeto da ponte.
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No ano passado foi aprovado pelo governador de São Paulo, Márcio França, a construção de uma ponte ligando essas duas margens por áreas de Santos. Em fase de licenciamento do projeto, Casemiro Tércio, o presidente nomeado há 100 dias para a presidência da Codesp, se opõe à ponte e defende o túnel submerso.
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Os problemas operacionais para o porto por causa da ponte, apontados por Casemiro, ficam irrelevantes ao se analisar a fantástica ponte de 55 quilômetros, dos quais 36 sobre mar aberto, na China. Ligando Shanghai e Ningbo, que é o segundo maior porto do mundo, seu vão principal tem 448 metros. A que a Ecovias vai construir sobre o estuário em Santos tem 7,5Km. Logisticamente, é fundamental à produtividade portuária a ligação entre as margens de um porto. O posicionamento do presidente da Codesp vai no sentido contrário aos interesses do negócio portuário.
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As duas cidades onde situam-se as margens a serem ligadas pela ponte têm forte conurbação urbana. No canal flui o mais intenso tráfego de navios dos portos brasileiros. A ligação entre as cidades é feita principalmente por um deficiente serviço de travessia por balsas. O projeto de um porto Hub (Concentrador) para Santos não pode ser contemplado pela visão desfocada do presidente da Codesp, que visa principalmente, e talvez politicamente, inviabilizar a ponte cujo projeto foi o que mais se aproximou da realidade até agora.
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A produtividade logística do Porto de Santos, como porto hub, não é satisfeita pela ponte da Ecovias tampouco pelo túnel do Casemiro. Ela deve ter solução mais complexa, a partir dos fluxos de navios e das resistências à fluidez da navegação. Daí a relevância de se analisar uma solução integrando o tráfego intenso das balsas, tão conflitante com o dos navios.
Pensar grande, a ponte beneficia o desenvolvimento do Porto de Santos. Vamos construí-la.