Enquanto correligionários e simpatizantes de diferentes correntes políticas discutem com quais países o Brasil deve ampliar ou reduzir transações comerciais, os profissionais do setor batem na mesma tecla há vários anos: precisamos aumentar as exportações de produtos de alto valor agregado, diversificar as mercadorias comercializadas e reduzir a dependência da venda de commodities. Segundo dados do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC), de janeiro a agosto de 2018 as exportações brasileiras de alta tecnologia somaram US$ 7,6 bilhões, enquanto as de baixo valor agregado totalizaram US$ 36,8 bilhões e as de bens não industriais dominaram as transações, com US$ 64 bilhões.
Entre janeiro e outubro deste ano, a corrente comercial brasileira foi de US$ 350.522.853.304, com saldo positivo de US$ 47.635.836.498. China e Estados Unidos somam 37,2% das transações, seguidos por Argentina, Alemanha, Holanda, Chile e Espanha. O comércio com os BRICS e com outros países em desenvolvimento, como Índia, Rússia, México e Coreia do Sul, ainda é tímido, necessitando que os líderes governamentais brasileiros trabalhem de forma a aperfeiçoar a sintonia com os mercados e setores empresariais dessas nações.
Entre os segmentos de produtos industrializados com maior potencial de crescimento estão automóveis, calçados, biotecnologia, bebidas e alimentos. Há, entretanto, tendência de aumento nas vendas, segundo a diretora de Negócios da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), Márcia Nejaim. "Se você a olhar a pauta para a Argentina, é muito valor agregado. Para os Estados Unidos também. É verdade que o Brasil é um dos países mais competitivos no agronegócio. Mas é importante investir também nas empresas com manufaturados, tecnologia". O aprimoramento de acordos bilaterais também é fundamental, como estão fazendo Peru e China, conforme informa comunicado divulgado na última semana.
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Outro importante desafio para o Brasil é estimular as empresas a investir em inovação e possibilitar a inserção na Indústria 4.0. De acordo com informações cedidas pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o Brasil ocupa a 61ª posição no ranking mundial que mede a complexidade de exportações, em lista liderada pelos asiáticos China e Coreia do Sul. O banco de fomento também estuda apoiar projetos de exportação da cadeia eólica, que tem tido capacidade ociosa em território nacional em razão de poucos leilões de contratação de energia elétrica no País.