Quinta, 28 Março 2024

Até meados da década de 1950, o transporte marítimo de passageiros no Brasil era intensamente empregado para cobrir grandes distâncias. Isso em razão de as poucas estradas rodoviárias não atenderem as necessidades para movimentação de passageiros e cargas.


O Almirante Alexandrino, ex-Cap Roca da Hamburg, entrando em Santos.
Foi adquirido pelo Lloyd Brasileiro em 1925. Prestou bons serviços tanto
na cabotagem como nas linhas internacionais. Foi desativado em 1962.
Coleção do autor.

Os navios de passageiros de cabotagem – a navegação marítima doméstica – eram os meios de transporte de Norte a Sul, em trajetos pela costa brasileira.

Por isso, havia diversas empresas marítimas, que conduziam não apenas passageiros, mas cargas também. Eram muitos navios! As três principais empresas de navegação eram o Lloyd Brasileiro, a Companhia Nacional de Navegação Costeira e o Lloyd Nacional.


Cartão-postal publicitário da época da incorporação dos novos navios
da série Itas da Cia. Nacional de Navegação Costeira - 1928. Linha
Porto Alegre - Pará. Acervo: João Emílio Gerodetti.

Da memorável frota do Lloyd Brasileiro, entre inúmeros navios, podem ser destacados: Dom Pedro II, Barão de Mauá, Almirante Alexandrino, Almirante Jaceguai, Buarque, Campos Sales, Rodrigues Alves e Cantuária.

Já da Costeira – cujos navios foram mencionados na canção de Dorival Caymmi e imortalizados em algumas obras de Jorge Amado – podem ser citados os da série Ita, como o Itaimbé, Itaquicé, Itassucé, Itaité, Itaquatiá, Itaberá e Itatinga.

A Sociedade Anônima Lloyd Nacional, do comendador Giuseppe Martinelli, teve vários navios, mas a sua frota foi incrementada com a aquisição dos navios da série Aras, entre 1927 e 1928 – Araçatuba, Araraquara (torpedeado em 1942 pelo submarino alemão U-507), Araranguá e Aratimbó. Eram navios de 115 metros de comprimento.


Foto do comandante e oficiais do paquete Almirante
Alexandrino - 1950. Acervo: Julio Augusto Rocha Paes.

Uma outra armadora muito conhecida em Santos era a Empresa Nacional de Navegação Hoepcke, proprietária dos navios Carl Hoepcke e Anna.

O Carl Hoepck, que depois passou a ser o Recreio, encalhou na Ponta da Praia, próximo ao Canal 6. Por certo tempo foi atração turística, até ser desmontado. Triste final!

A Companhia Pereira Carneiro também não deve ser esquecida.


Capa do cardápio do paquete Bagé do Lloyd
Brasileiro, datado de 08/03/1926, quando
servido no almoço acompanhado da
orquestra de bordo. Reprodução do
livro Navios e Portos do Brasil de
autoria de João Emílio Gerrodetti e
Carlos Cornejo.

As escalas abrangiam roteiros a partir do Rio Grande do Sul, mais especificamente Porto Alegre, passando pelos principais portos do País, até alcançar os estados do Pará e Amazonas – com paradas em Belém, Santarém, Óbidos, Parintins e Manaus.

O tempo de viagem entre Santos e Manaus, devido às escalas, levava em média 25 dias.

Os paquetes de cabotagem, como eram chamados os navios de passageiros, e ainda o são em Portugal, atracavam entre o Cais dos Armazéns 1 e 5 da Companhia Docas de Santos, a famosa CDS, empresa privada que administrou o porto de 1890 a 1980.


Cartão-postal do Lloyd Nacional (não confundir com Lloyd B
rasileiro), representando os paquetes: Araranguá, Araraquara,
Araçatuba e aratimbó. Col. do autor.

Até 1950, era mais fácil ir a bordo de um navio de Santos ao Rio de Janeiro, do que subir a São Paulo para embarcar em um trem da Central do Brasil rumo à Cidade Maravilhosa.

Vale lembrar que, por volta de 1956, os aviões e os ônibus passaram  paulatinamente a dominar o transporte de passageiros nas viagens pelo Brasil.

A época dos navios de passageiros na cabotagem é apenas um dos inúmeros capítulos da rica História do Porto de Santos.

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