Sexta, 29 Março 2024

De salto alto, rasteirinha ou plataforma à Carmem Miranda, vale tudo para o samba no pé.

A “Pequena Notável”, Maria do Carmo Miranda da Cunha, que costuma ser bastante lembrada no carnaval como símbolo da mulher brasileira, alegre, extrovertida e talentosa, paramentada com frutas e flores tropicais, era portuguesa. Nasceu há 102 anos na Província de Beira-Alta, interior de Portugal, mas foi criada desde criancinha na cidade portuária do Rio de Janeiro. Não podia ser diferente. Aprendeu a cantar sob o sol tropical da capital carioca.

* O centenário de nascimento de Carmen Miranda
* Carmen Miranda, o S/S Normandie e o S/S Uruguay

Maria do Carmo adotou o nome de Carmen. Ela alcançava pouco mais do que 1,50 m de altura e gostava de usar saltos altos e  turbantes, recursos para aumentar sua estatura. No final dos anos 20 do século passado, o samba ainda não existia como hoje.

Segundo o escritor Ruy Castro, o samba era o maxixe. “A mudança aconteceu naquela virada dos anos 20 para os 30, que foi quando a Carmen estava aparecendo. Ela nos levou à marchinha. Foi a primeira grande intérprete das marchinhas de Carnaval criadas naquela época, anos 30, pelo Ary Barroso”, explica o jornalista, em referência aos sucessos de “Tico-tico no Fubá” e “Mamãe eu quero”.

O compositor e professor Emílio Gozze Pagotto analisa o samba, dizendo que temos um caso curioso, onde a forma artística de expressão não nasce no plano folclórico, mas sim como produto da sociedade de consumo e, ao mesmo tempo, como expressão de uma parcela significativa da sociedade.

“Aqui podemos ver a grande singularidade do samba: nasce para a sociedade de consumo e se enraíza nos grupos que o inventam como traço de identidade”.

E, ainda, o samba é um gênero nascido no âmbito da prática urbana, mais especificamente, nos morros da cidade portuária.

Parabéns aos sambistas e, principalmente a nós, mulheres, homenageadas neste dia de carnaval e tão bem representadas pelo ícone da “Pequena Notável”.

 

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