Sábado, 20 Abril 2024

É engraçado quando Nelson Freitas Júnior se enrola nas explicações e Fabiana Karla Simões Barbosa tem de pedir: "Desenrola, Carretel!". Mas que a graça dos dois fique restrita ao programa de televisão. Não tem graça nenhuma o desleixo das concessionárias de serviços públicos que passaram a deixar verdadeiros carretéis de fiação inútil pendurada nos postes das cidades, às vezes encostando em outros fios e se esparramando pelo chão, com evidente risco para os pedestres.

Menos graça tem esse fabuloso desperdício – não preciso nem ir até a esquina para encontrar exemplos -, quando lembramos que depois essas mesmas empresas exigem – e o governo cede, tão facilmente!... – aumento nas tarifas para manter a tal margem de lucro que elas estipularam para si. Como está acontecendo agora nos serviços de eletricidade. As reclamações são inúmeras, em todo o país, e a falta de resposta deixa mais evidente o desprezo para com o consumidor, que paga por essa fiação inútil e paga também pelos danos que esse desleixo causar.

E por que estou tratando disso numa coluna que tem como foco os transportes, a logística, o comércio exterior? Além da irritação como infeliz consumidor de serviços de telecomunicação e energia, explorado por essas empresas irresponsáveis, penso também como brasileiro preocupado com o eterno Custo Brasil, que é justamente a soma de todos esses desperdícios, involuntários ou propositais.

Foto: Shalimar Catramby-O Globo

Carretéis nos postes, nada engraçados

Se o objetivo com essa gastança é ajudar as fabricantes de cabos, pelo menos isso poderia ser feito levando serviços decentes aos locais do país onde eles são deficientes – e não são poucos. As distribuidoras se queixam das redes defasadas, que causam os "apagões".

Se temos, inapelavelmente, de alimentar tais empresas, que pelo menos elas invistam na modernização do país, para que não fiquemos novamente reféns dos problemas energéticos. Só para lembrar, fontes do setor estimam em 18% a perda total de energia entre a geração e a casa do consumidor, sendo que pelo menos uma parte dessa perda seja causada por ineficiências da rede. Com eficiência, talvez nem precisássemos das caras termelétricas...

Sem sair do tema Energia, poderia iniciar um discurso sobre a ação dos interesses externos para controlar e aniquilar a autossuficiência brasileira – abrangendo também nesta história a Petrobrás e todos os seus desacertos dos últimos anos. Mas não: fico por aqui, o leitor já conhece tudo isso, e bem sabe que todos esses erros, todas essas omissões, são pagos pelos brasileiros, pessoas físicas e jurídicas, diretamente nas contas e também embutidos nos preços de todos os produtos e serviços consumidos.

Com suas muitas falhas metodológicas, o Impostômetro dá uma ideia do que pagamos de impostos. Falta um Desperdiciômetro para calcular o quanto perdemos com o desleixo que governo e concessionárias têm com os cidadãos-consumidores.

Não é só por meio de dumping e outras práticas imorais que os estrangeiros conseguem colocar produtos com baixo preço no mercado nacional. Racionalização nos custos das empresas e dos governos permitem reduzir o custo final, mesmo mantendo a qualidade, e até elevando-a. E eles têm lucro, sim, pois não estão fazendo caridade ao venderem aqui os seus produtos.

Nesta zorra que não é apenas nome de programa de televisão, outro bordão inesquecível, mas que não queremos repetir em nossas vidas, é aquele da Katiuscia Canoro: "Que que é? Eu tê pagano!..."

Em tempo: As concessionárias de energia pedem que o cidadão, ao ver fios no chão, não mexa neles e as avise. O que seria perfeito, se não houvesse um caso assim a cada 100 metros...

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