Segunda, 25 Novembro 2024

Na coluna anterior, comentava como a excessiva locação de navios implica em aumento do Custo Brasil. Navios - ou espaço a bordo - alugados principalmente no transporte de longo curso, mas também na cabotagem. Que ainda continua patinando em números incipientes, quando em 1960, no tempo em que ainda se usava na cabotagem navios com casco de madeira, as fotos os mostravam lotados, com carga até junto às chaminés.

Cinquenta anos de lobby rodoviarista e burrice empresarial/governamental - ou esperteza demais, a julgar pelos múltiplos escândalos diariamente noticiados nos Três Poderes da República - deram nisso: cargas continuam indo por rodovia de Manaus a Porto Alegre, de São Paulo a Recife, em total desprezo dos princípios ambientais, de economicidade e sustentabilidade.

O título desta coluna já foi usado pelo autor durante bom tempo, na década de 1980, através das páginas do antigo suplemento semanal Marinha Mercante/O Estado de São Paulo, numa tentativa de conscientização sobre a viabilidade e importância do transporte marítimo entre os portos brasileiros (a cabotagem), e mesmo a navegação costeira entre portos sulamericanos (na chamada grande cabotagem).

Contas foram feitas, argumentos foram exaustivamente apresentados, mostrando todas as vantagens da cabotagem. Mais que isso, uma grande série de fotos do início dos anos 1960 - aquelas dos navios de madeira carregados até a chaminé - foi apresentada nas edições semanais, para convencer pela imagem quem só acreditasse vendo. Pena que os originais desss fotos, de um armador já falecido, tenham sido perdidos.

Cada argumento rodoviarista podia ser facilmente derrubado, e essa contestação continua válida. A começar pela segurança, hoje muito piorada nas estradas, seja pelos assaltos a caminhoneiros, seja pelos desvios de carga, seja pelos inúmeros acidentes.

Alguns argumentos favoráveis ao transporte rodoviário em longas distâncias só subsistem por não termos legislação trabalhista para o setor igual à européia, prevendo máximo de horas por turno de trabalho e outros quesitos. Nem haver toda a fiscalização necessária quanto aos veículos - tonelagem transportada, condições mecânicas, normas de segurança, dispositivos anti-poluição.

Coincidindo com a coluna anterior, inclusive em termos de opinião - ocorreu em Santos uma palestra promovida pela subseção local da Ordem dos Advogados do Brasil, em parceria com o curso de pós-graduação em Direito Marítimo e Portuário da Universidade Católica de Santos (Unisantos). Apresentando os números mais recentes do setor, a palestra foi proferida pelo vice-almirante Murillo de Moraes Rego Correa Barbosa, que em 2005 passou à reserva remunerada, de 2006 a 2010 atuou como diretor da Antaq e agora é diretor-presidente da Aquaport Consultoria Ltda.

Seus números serão analisados nas próximas colunas. Por enquanto, desejo aos leitores um ótimo Natal.

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