Nas colunas anteriores, comentei os vários aspectos da crescente influência de Dubai e de sua Cidade da Logística nos negócios internacionais. Como esse pequeno lugar sem petróleo e no meio do deserto, até recentemente apenas mais um dos chamados Emirados Árabes Unidos (EAU), conseguiu "torcer" a geografia econômica ao ponto de se tornar um dos grandes centros de negócios do mundo.
* Logística das conexões (1)
* Logística das conexões (2)
E ainda como Dubai vem estimulando a criatividade ao aliar alta tecnologia à logística e a uma impressionante infraestrutura de conexões aero-marítimas, acabando com o conceito tradicional de que os pontos focais do transporte de cargas deveriam ser os de origem ou destino das mercadorias – agora, o foco está nas conexões, como lembra Miriam Gillinson em matéria publicada pelo IHT Creative Solutions no caderno The New York Times/Folha de São Paulo, em 10/10/2011.
Pode-se ainda comentar como Dubai segue o exemplo de outras cidades-estado, como Cingapura, fomentando (além da infra-estrutura logística) a evolução de um poderoso centro financeiro. Aliás, o Centro Financeiro Internacional de Dubai anunciou em junho parceria com a Companhia de Investimento e Desenvolvimento da Cidade Financeira de Chengdu, para promoção de negócios bilaterais Dubai/China.
Mas, outro aspecto merece atenção: a nova estrutura para funcionar como Cidade Humanitária Internacional. Com terremotos, inundações, revoluções e outros desastres imprevisíveis acontecendo nos mais diversos pontos do mundo, e exigindo também uma logística precisa e rápida para o encaminhamento do auxílio humanitário, grandes organizações (governamentais ou não) estão concentrando ali estoques de alimentos e outros produtos, de forma a serem rapidamente encaminhados a qualquer parte do mundo. Como já foi dito, um avião partindo de Dubai pode em oito horas de viagem chegar a qualquer local em dois terços do mundo.
Compartilhando a mesma infraestrutura e os serviços utilizados por milhares de empresas, esta Cidade Humanitária é o primeiro local voltado para essa atividade que reúne as diversas organizações de auxílio humanitário, facilitando os esforços de chegar mais rápido às vítimas das crises políticas ou naturais.
Enquanto isso tudo acontece, em Brasília as trocas financeiras se resumem a maletas que trocam de mãos nas garagens do subsolo do poder. Continuando assim, será mesmo o Brasil alguma potência em 2030?
