Sexta, 17 Mai 2024

Todo o pensamento tradicional em Logística, desde seu milenar surgimento, foi dominado pelo objetivo de mover algo de uma origem até um destino. Neste século XXI, porém, há um novo conceito em alta, em que o foco é no ponto de conexão. Então, da mesma forma como na Internet às vezes conversamos com o vizinho através de um tráfego de dados intercontinental, os modernos sistemas logísticos podem fazer com que a melhor opção não seja, na prática, apenas calcular a menor distância entre dois pontos.

É simples entender isso: imagine duas cidades, com uma escarpada montanha entre elas. Então, para ir de uma à outra, mais fácil dar a volta do que tentar atravessar a montanha. Nos transportes internacionais, a montanha é representada pela falta de conexões diretas confiáveis, pela existência de barreiras alfandegárias ou políticas dificultando o caminho direto, ou simplesmente porque as conexões diretas são muito caras e/ou pouco confiáveis, em comparação com o custo global de se operar com um centro de distribuição mundial, para onde vai toda a carga para ser facilmente reencaminhada aos diferentes destinos.

É com esse conceito que Dubai trabalha: quer ser muito mais que um aeroporto, mas uma "Aerotrópolis" – termo cunhado pelo escritor acadêmico John D. Kasarda para o título de seu livro "Aerotropolis: The Way We’ll Live Next". Em texto publicado pela IHT Creative Solutions no caderno The New York Times/Folha de São Paulo, em 10 de outubro, Dubai reivindica a condição de mega-centro mundial de concentração e redistribuição de cargas e passageiros, por estar a menos de 8 horas de distância por avião de dois terços da população mundial (e menos de 4 horas distante de um terço).

No passado recente, dizia-se que a América do Sul estava fora das rotas internacionais do comércio marítimo, e eu argumentava que sempre era possível "torcer" tais rotas para incluírem portos brasileiros, se o País quisesse realmente se tornar uma potência comercial em vez de apenas esperar que os compradores viessem. Dubai prova minha teoria: um emirado sem petróleo, com 4.114 km² de areia às margens do Golfo Pérsico, "torceu" tanto as modernas rotas mundiais de transporte e comércio que conseguiu se tornar praticamente o centro delas.

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