Os céticos e os excessivamente otimistas dirão que a economia estadunidense vai se recuperar logo, tudo será como dantes, quando aquele país-império decidia o destino do mundo. Pode até ser. Mas não é o que se vê hoje. Os EUA de agora são o Brasil de 1985, caindo nos braços do FMI e talvez de uma colossal moratória. Não importando tanto qual seja a decisão do Congresso sobre a elevação do endividamento, por si só a existência de uma data-limite como 2/8/2011 mostra o tamanho do problema.
Mesmo essa solução mágica não resolve os grandes problemas de Tio Sam: recessão, desemprego, redução no fluxo da economia, envelhecimento das instalações sem a reposição inovadora necessária para se destacarem no mercado mundial.
A crise estadunidense levou à crise européia, quando se descobriu que países milenares eram gigantes com pés de barro, atolados na lama. Alguns vão se reerguendo, outros continuam patinando. A Grécia das navegações clássicas, Portugal dos Descobrimentos, a Itália dos mercadores como Marco Polo, são justamente os países mais em perigo de afundar. Com tanto problema, não é impossível um cenário futuro em que desapareçam o euro e a própria comunidade européia. Tem quem queira abandonar esses barcos. Idem quanto ao dólar.
Nessas águas turvas, até a China amarela: temendo os efeitos da crise em seus mercados-clientes, e preocupada com seu grande estoque de dólares desvalorizados, trata de reduzir seus ímpetos de crescimento.
O Brasil navega portanto em águas turvas, pois seus tradicionais mega-clientes estão à deriva (nem falemos do tsunami japonês), e novos clientes como a China ainda estão em fase de definição de políticas. Os hermanos latinos, como todo irmão que se preze, fazendo "guerra de travesseiros" (quem consegue dormir assim?) Em todo o mundo, planejamento econômico é algo apenas para meses, não mais para anos. Quiçá, para dias.
Para mar que não é de almirante, o barco precisa ser bom e seguro. É?