A expressão que forma o título desta coluna é em idioma guarani. Desta forma, povos indígenas do Paraguai denominam todo um bloco econômico, em que aliás o povo guarani tem tanta participação como qualquer outro de seus componentes, isto é: quase nada.
Ñemby Ñemuha – que aos nossos ouvidos parece uma negação completa – é na verdade a denominação em guarani do Bloco Econômico do Sul, que mesmo com a tradução em português parece igualmente um ente estranho e distante. E tal Bloco Econômico do Sul é nada mais que o Mercosul, agora uma sigla mais conhecida… e igualmente vazia.
De fato, o Mercosul é mais lembrado pelos desentendimentos que pelas uniões. Agora mesmo, Brasil e Argentina fazem uma escalada de provocações mútuas, totalmente o contrário do que seria de esperar. E do que certamente poderiam esperar as empresas que investiram em instalações complementares dos dois lados da fronteira e agora são apanhadas no contrapé, pois não podem levar componentes brasileiros para a linha de produção na Argentina, nem trazê-los para suas unidades no Brasil.
Nem percamos tempo discutindo quem tem razão. Ou vociferando contra desentendimentos, que ocorrem mesmo entre os casais mais unidos. Só que Mercosul está mais para divórcio que para casamento, pois está faltando o mínimo de entendimento para se estabelecer bases de qualquer acordo.
E o fato é que o Brasil, se esquecesse os hermanos, estaria decerto bem mais avançado – embora, se também houvesse pleno empenho de todos os países nas parcerias, tanto o Brasil como os outros membros do Mercosul estariam todos decerto bem mais avançados. O problema é que ficamos no meio: nem rompemos, nem consolidamos o casamento.
O Ñemby Ñemuha vive assim o pior dos cenários possíveis. Faltava apenas a trilha sonora: "Quando eu for embora para bem distante/e chegar a hora de dizer adeus/…"
"Ai, ai, ai, aaiiii…"