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Pinacotequice 2
Três dias depois, no mesmo salão, Gustavo Klein, editor do Galeria, caderno de cultura do jornal A Tribuna de Santos, falou sobre a publicação no Conversa de Botequim, que migrou para a Pinacoteca (assim como já o haviam feito os cursos de História da Arte de Nélson Wendel e as oficinas literárias de Eliana Pace, além de ser a casa do Sarau Caiçara – o que mostra a Pinacoteca como um ponto aglutinador).
Klein disse que a passagem de um pouco mais de um ano de Vera Leon, sua antecessora, pela edição do caderno “resgatou a importância do Galeria para o próprio jornal” e que sua missão agora, basicamente, será a de obter mais espaço para a editoria, normalmente com quatro páginas: “Espaço é nosso maior drama. Na verdade, a gente tem uma página, a primeira, e 1/5 da página 2”, disse, referindo-se às seções fixas (horóscopo, cruzadas, televisão, coluna social, além de anúncios). E, por favor, leitor, leitora, não entendam como se ele tivesse reclamado em público. Não, não, ele falou isso tudo com orgulho do jornal em que está há 22 anos e que lhe deu o que considera um presente e, ao que parece, um desafio.
Julinho Bittencourt, mediador desse debate, trouxe para a discussão um sentimento difuso no meio cultural de que a produção artística realizada na cidade e na região tem aparecido pouco em A Tribuna. Além do pouquíssimo espaço, também são poucos os profissionais que atuam na editoria, contou Klein. Depois, pediu aos artistas e produtores culturais (aqui retransmitido) que mais do que nunca procurem o caderno com uma “boa história” para contar. Discutiu-se também a questão da essência do Galeria – é de variedades ou de cultura? –, algo bem importante no universo da mídia regido em grande parte pela indústria cultural e suas celebridades.
Uma web arte
A parte final da conversa girou em torno do futuro do jornal impresso frente às novas mídias eletrônicas. Basicamente entre os que acham que sim, os jornais vão acabar, e os que não acham isso. Mas ficou no ar uma esperança de que os cadernos de cultura e o jornalismo (“em crise de identidade”) possam se aproveitar delas.
Na arte, isso já está bem claro. É só tomar o exemplo abaixo, imagem de Fátima Queiroz, compartilhada no Facebook no mesmo dia, logo após a conversa, por volta das 11 da noite:
Pós-escrito
Lembro de algo que Luis Serguilha havia dito poucos dias antes em relação ao próprio fazer poético, que deve se alimentar da “transmigração com outras áreas”, como arquitetura, dança e até física quântica.
Para onde poderia “transmigrar” o jornalismo cultural? Ou, falando claramente, será que o jornalismo cultural não deveria se jogar mais? E para onde?
Referência
Luis Serguilha. KOA’E. Belo Horizonte: Anome Livros, 2011.