Transporte / Logística

O recém-empossado capitão dos portos de São Paulo, o capitão-de-mar-e-guerra Afrânio de Paiva Moreira Junior, 49 anos, esbanja bom-humor e disposição. Até então ocupando o posto de chefe do Estado Maior do 8º Distrito Naval, o comandante vivia em São Paulo longe do contato com o mar. Não visitava Santos desde 1999 e recebeu a notícia do comando com muita alegria. “Uma coisa interessante é que a cidade de Santos tem a informalidade do Rio de Janeiro, do mesmo modo que tem o dinamismo da capital e o conservadorismo do interior. Tem uma mistura das três coisas que chama atenção. Acho que não tem um oficial da Marinha que não goste de Santos”.

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Mais de 100 mil caminhões circulam pelas estradas de todo o País transportando produtos perigosos, dia e noite. O número foi divulgado pela Federação dos Transportadores de Carga do Estado de São Paulo e causa, com certeza, muita apreensão. E se levarmos em conta os dados de pesquisa divulgada pela Associação Nacional de Transporte de Carga e Logística de que apenas 11% das estradas brasileiras estão totalmente asfaltadas e prontas para todo tipo de carga, essa apreensão aumenta. Afinal, quais as medidas de segurança adotadas para o transporte de mercadorias perigosas nos setores portuário e rodoviário brasileiros?

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Ele se chama Italino Staniscia Filho. É casado com Lia. Tem três filhos: Ana, 23 anos de idade, Cecília, 24, e Italino, 28. Está presidente do Sopesp (Sindicato dos Operadores Portuários do Estado de São Paulo) desde a saída de Mauro Salgado, em junho último. Hoje ele divide o seu tempo entre a presidência do sindicato e a empresa Fertimport, onde é diretor de terminais.

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Alcides Antônio Maziero tem 55 anos de idade, dos quais 37 dedicados à profissão de caminhoneiro. Casado e pai de “uma linda filha”, segundo suas próprias palavras, este morador de Ribeirão Pires (SP) representa todos os profissionais do volante no Dia do Motorista, comemorado todo dia 25 de julho, mesma data do padroeiro da categoria, São Cristóvão.

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Autoridades, trabalhadores e demais agentes envolvidos no setor portuário já apontaram inúmeras causas para os sucessivos acidentes fatais que ocorreram no Porto de Santos. Aumento na movimentação de cargas, redução dos ternos e falta de atuação da Cipa foram alguns dos itens citados. No entanto, nenhuma ação poderá trazer de volta a vida dos oito trabalhadores mortos desde novembro do último ano, somente no cais santista. Para o técnico em segurança do trabalho, André Luís Lopes, quando acontece uma morte em ambiente laboral, há uma série de indicadores que já alertavam que uma fatalidade estava prestes a ocorrer. Lopes, que já atuou como auditor nas áreas de segurança, saúde e meio ambiente, além de  ter lecionado sobre os temas, cita a Pirâmide de Frank Bird para explicar a ocorrência de acidentes fatais. Em pesquisa feita no final dos anos 60, o inglês Bird analisou mais de 1.750.000 acidentes em 21 grupos industriais diferentes para chegar a conclusão de que, para cada acidente grave acontecem 10 ocorrências que geram lesões leves ou não incapacitantes, 30 acidentes sem danos físicos (apenas materiais) e 600 incidentes sem danos visíveis. O sistema também pode ser explicado como um “efeito dominó”. O técnico em segurança do trabalho ressalta que o acidente fatal é estatístico e, como prevenção, é preciso quebrar a seqüência de acontecimentos. “Eu sempre expliquei isso aos meus alunos. Quando cai uma pedra do dominó, ela vai derrubando outras”. A única solução, de acordo com Lopes, é retirar as demais pedras antes que o efeito chegue a um acidente fatal. A ação, levando para o lado prático, é trabalhar no que já ocorreu para evitar que incidentes similares acabem ocasionando danos aos trabalhadores. Equipamentos precários, não-utilização de EPI’s e alta rotatividade no cais são alguns dos fatores citados por Lopes para que as tragédias aconteçam sucessivamente. “Era previsível que algo viesse a acontecer. A mão-de-obra é um agente causador de acidentes, pois na área portuária ainda há pouco conhecimento da atividade”. Questionado sobre a necessidade de conscientização dos operários, um dos temas levantados em reunião da recém-formada comissão de segurança do Porto de Santos, Lopes alega que é imprescindível que todos estejam conscientes, não apenas os trabalhadores. Transportadoras e caminhoneiros não recebem qualquer orientação de como trabalhar para evitar acidentes durante o transporte de cargas, especialmente as perigosas, exemplifica. “Quando eu vejo um caminhão , já passo longe”. Ele acredita que as empresas se preocupam apenas com resultados imediatos e necessitam elaborar um planejamento macro. “O ganho nem sempre é uma relação direta. Ninguém pensa na questão humana, mas quando não acontecem acidentes em uma empresa, a imagem dela melhora muito”. Lopes argumenta que é um hábito perigoso de muitas empresas o reaproveitamento de materiais de segurança sem qualquer orientação, aplicando-os em serviço sem saber se estão agindo de forma adequada. Além do prejuízo para os trabalhadores, Lopes lembra que os acidentados são um ônus para o Estado. “As empresas têm que arcar com o ônus durante todo o processo de recuperação do funcionário acidentado”, defende, discordando da legislação atual, que exige a participação da empresa responsável em apenas parte do processo.  Para ele, não é possível ter qualidade sem segurança, nem segurança sem qualidade. E remete, mais uma vez, ao aspecto humano. “Será que alguém colocaria um parente para trabalhar nas condições em que os portuários estão trabalhando?”. Em termos de qualidade, o técnico enfatiza que o porto é uma área quimicamente agressiva e que é essencial ficar atento a todos os detalhes dos equipamentos. Em diversas ocasiões, um material inadequado aplicado, geralmente por questões de economia de custos, em costuras ou juntas de um equipamento pode gerar um acidente gravíssimo. Cintas Atualmente, Lopes é gerente de qualidade da Tecnotêxtil – fabricante de cintas de poliéster para amarração e elevação de cargas – e integrante de comissões da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) que elaboram procedimentos para o setor. O uso de cintas de poliéster garante a eficácia do serviço de movimentação de mercadorias, desde que seus parâmetros e carga máxima sejam respeitados, ressalta o gerente de qualidade. Ele revela que acontecem cerca de 26 mil acidentes com cabo de aço anualmente. “Nossa atuação não resolve os problemas, mas tira uma peça do ‘dominó’, gerando melhorias para a segurança”. O empresariado, para Lopes, precisa atuar nessa frente a favor da segurança. Ele afirma que há muitos fabricantes de equipamentos que não cedem informações e orientação aos usuários, para que estes fiquem dependentes de seus serviços. “A amarração não pode ser o mistério que é hoje. Reter informação é ruim. Quanto mais divide, mais se aprende”.

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