Quinta, 28 Novembro 2024

Leo De Biase é CEO da ESL Brasil

Por mais restrito que possa parecer, o mercado dos esportes eletrônicos é uma indústria mundial milionária, que proporciona diversas possibilidades de atuação e carreira. Assim como os esportes tradicionais, a estrutura por trás dos famosos cyberatletas, competições e organizações é enorme. E para entregar resultados emblemáticos é preciso contar com profissionais de diferentes segmentos.

Após 20 anos atuando no segmento, posso dizer que, atualmente, “entender de games” pode abrir mais possibilidades profissionais do que nunca. Desde o lançamento das lan houses em meados 1998, descobri que para trabalhar com games não era preciso ser um jogador profissional ou entender tudo de programação. Eu cursava administração de empresas e trabalhava na American Express quando conheci a Monkey, primeira lan house brasileira em São Paulo. Larguei tudo para empreender ao lado dos fundadores da empresa e promover o crescimento da marca no país, apresentando essa grande novidade aos brasileiros: os esportes eletrônicos.

Foi nessa época que me deparei, nos fóruns online sobre os games, com as ligas profissionais de esports, que já existiam nos Estados Unidos, na Europa e principalmente na Coreia do Sul. Logo depois fui conhecer a CPL (Cyberathlete Professional League) em Dallas e trouxe essa ideia para o Brasil, trazendo um dos primeiros torneios internacionais para o país: A Virtua CPL Latin America, em 2001, na cidade de Sao Paulo. Os torneios ainda eram bastante amadores, mas já demonstravam o grande potencial do cenário competitivo no país. Todo o caminho para o reconhecimento do setor foi bastante desafiador, mas foi após o sucesso mundial do Counter Strike e a chegada da banda larga no Brasil, que inúmeras oportunidades de carreira na área começaram a sugir.

Do desenvolvedor dos jogos até os atletas e organizadores de eventos, existem diversas funções: designers gráficos, profissionais de TI, contabilidade, especialistas em marketing, audiovisual e social media, relações públicas, imprensa especializada, gerentes de comunidade e times, apresentadores, narradores, comentaristas, analistas, treinadores, cargos executivos, jurídicos, entre outras.

É muito importante lembrar que para conseguir um emprego em qualquer área relacionada à tecnologia e, principalmente, em qualquer negócio multinacional é imprescindível o conhecimento de dois ou mais idiomas, principalmente o inglês. No caso dos games não é diferente. Ainda, de acordo com os gráficos anuais da Internet World Stats, esse é o idioma mais utilizado na internet e por isso, consequentemente, nos esportes eletrônicos. Para nós brasileiros, o espanhol também é bastante importante para o networking com a América Latina.

Durante minha carreira, atuei em várias posições, principalmente na área de Marketing de importantes empresas como NVIDIA, Bigpoint e Level Up! Games, com a principal estratégia de tornar o mercado de jogos no Brasil cada vez maior, mais reconhecido e mais lucrativo. O resultado de anos de trabalho, meus e de outros colegas da área, está se mostrando bastante positivo, o que comprova o último relatório da Newzoo, que já coloca o Brasil como o terceiro país que mais consome esports no mundo.

Ainda, de acordo com o Ministério da Cultura, o faturamento do setor de games no Brasil em 2017 alcançou R$ 1,3 bilhão. Mundialmente esse número chegou aos R$ 116 bilhões e a estimativa é de que continue crescendo em média 7,3% ao ano. Todo esse sucesso atrai ainda mais marcas e empresas não-endêmicas a buscarem investimentos no segmento, o que, consequentemente, significa mais e melhores oportunidades de trabalho.

Nos estúdios brasileiros da ESL, a maior empresa de esports do mundo, contamos com 40 funcionários que trabalham diariamente para entregar campeonatos e conteúdo de qualidade para nossos mais de 7 milhões de expectadores. Trabalhamos, além da organização de torneios, na criação de conteúdo ao vivo e original através de plataformas, abrangendo serviços relacionados à tecnologia gamer, gestão de eventos e produção televisiva voltados ao mercado de esports. Além dos cargos fixos, contamos com outras várias oportunidades temporárias em apenas uma das diversas empresas do ramo no Brasil.

Para se aventurar neste mundo aberto de possibilidades que é o mercado de esports nem sempre é preciso partir para o óbvio. Já existem cursos especializados em desenvolvimento de games, tecnologia da informação, engenharia eletrônica e afins, também já existem cursos para se tornar um atleta, porém é bastante possível unir o amor aos esports às profissões tradicionais e outras que ainda não precisam de formação superior. O essencial é a dedicação e o empenho para tornar esse hobbie, profissão.

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*Todo o conteúdo contido neste artigo é de responsabilidade de seu autor, não passa por filtros e não reflete necessariamente a posição editorial do Portogente.

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