As mudanças sociais são tão drásticas quanto os processos de transformação tecnológica e econômica. (Manuel Castell - A sociedade em rede)
Quando ocorre a maior eleição do Brasil, para definir os prefeitos e vereadores de 5565 municípios, é oportuno e necessário abordar e refletir a relação Porto-Cidade, nos municípios portuárias. Para tanto, convém repercutir a experiência de 36 anos da associação francesa, Ville et Port (AiVP), sua agenda e seus compromissos para 2030. Por certo, uma pauta para nortear o debate do principal porto do Brasil, o de Santos, como um dos temas da próxima campanha eleitoral municipal, valorizando as práticas ambiental, social e governança.
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Uma visão holística dessa abordagem é capaz de captar fatores e papéis essenciais, para harmonizar as cidades do comércio marítimo (porto) e a das pessoas, bem desprezadas em Santos, a começar pela Autoridade Portuária. O prefeito de Santos, justificando sua ausência, no caso que ameaça a segurança da sociedade santista, o popular navio-bomba, terceirizou a sua responsabilidade à agência do governo do Estado de São Paulo, a CETESB, cuja licença está judicializada. As doze universidades na cidade são esperadas como cidadãs, em face do compromisso social da academia.
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Por tudo isso, é fundamental a participação da comunidade de Santos nesse debate, quando são anunciadas obras vultosas e de histórico de insucessos quase centenários e alvos de denúncias graves. Conseguir perceber a vulnerabilidade aos riscos intrínsecos às substâncias químicas movimentadas, sem cuidados nem medidas específicas, bem como autorizadas sem rigor cabível. O ruidoso caso do navio-bomba, com potência da bomba de Hiroshima, expõe a Autoridade Portuária e a administração municipal, caladas como se nada tivessem com isso.
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Nesse sentido, fica cancelado o significado de governo, pois, não há atividade efetiva de alguns profissionais e nem o atendimento às reivindicações coletivas ou sociais. Da mesma forma, está anulado o conceito de política, como ações que envolvem poderes de decisão. É o poder municipal conduzido, em vez de conduzir e priorizar a dimensão humana. Apesar de dispor de quadros competentes para promover bom rumo à cidade portuária de Santos; o que se percebe é ausência de gestão. De fato, nada simples.
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A questão ambiental é intensa na sociedade em rede, como também virou filme a explosão do porto de Beirute, que matou 288 pessoas, com produto menos potente que o navio-bomba no Porto de Santos. É hora de buscar voto para a próxima eleição municipal, para ser eleito, com questionamentos e argumentos. Conciliar, com projetos de qualidade, o porto competitivo e a cidade viva, segura, sustentável e saudável. Pauta em debate, especialmente pela comunidade santista virtual.
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