A Engenharia constrói naves que posam no planeta Marte e robôs que exploram o seu ambiente.
A ligação a seco das margens do Porto de Santos (SP) é uma longa novela de mais de um século, com capítulos políticos de cenários espetaculares, como foi a inauguração festiva da maquete da ponte estaiada, nas eleições de 2010. O atual é o túnel submerso, com palestras na Associação de Engenheiros e filmes em profusão, na Internet, da sua realidade sonhada. Até o Tribunal de Contas da União (TCU), se transfigurou num palpiteiro de metodologia de engenharia de túnel submerso. A audiência alta, em breve, vai acontecer com o novo papel do ator principal, Tarcísio Gomes de Freitas, eleito governador do mais rico estado brasileiro, o fiador da obra e comprometido com a sua conclusão.
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Como ministro da Infraestrutura, Freitas assegurou que o túnel submerso seria construído, inclusive opondo-se à construção de uma ponte, vinculada à renovação do contrato da Ecovias de exploração da via dos Emigrantes, proposta pelo então governador Doria, que renunciou para sair candidato. Este projeto foi abortado e a renovação contratual foi realizada com uma solução de compensação bem discutível. A construção do túnel submerso compõe as condições da privatização do Porto de Santos, agora rejeitada no governo Lula.
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A finalidade dessa ligação a seco é segregar o intenso fluxo de veículos e pedestres entre Santos e Guarujá, atravessando o canal de acesso ao Porto de Santos e cruzando o forte movimento de navios, que entram e saem do porto. Condição hoje que causa filas de veículos por horas nas temporadas turísticas, afeta a produtividade da navegação e expõe ao risco de acidentes, como já ocorridos. Essas balsas são administradas pela empresa de Desenvolvimento Rodoviário S/A (Dersa), como parte da administração indireta do Estado de São Paulo. O nível de qualidade do serviço prestado é abaixo do necessário.
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A solução desse longo e vergonhoso impasse, envolvendo o principal porto do hemisfério Sul, depende exclusivamente de prioridade e competência políticas. O presidente eleito Lula, na sua infância, quando chegou do Nordeste, morou no Guarujá e seu pai trabalhava no porto. No momento da proclamação da vitória, na eleição do futuro governador de São Paulo, Tarcísio declarou que o alinhamento com o governo federal vai ser fundamental, para fazer política pública. Ele é engenheiro e como ministro da Infraestrutura assegurou que agora o túnel será construído.
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Nunca, durante um século, a ligação a seco das margens do Porto de Santos esteve tão próxima da sua construção. Lula na presidência e Tarcísio no governo de São Paulo vão marcar esse gol de placa. Nem mesmo os palpites fora de contexto, inconvenientes e sem competência sobre a engenharia desse túnel, pelo TCU, são impedimentos. É hora de construir um plano de negócio para atrair investimentos, como foi com os tantos outros túneis submersos em portos famosos mundo afora.
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