No conto Horla, de Guy de Maupassant (1850-1893), um navio branco de dois mastros parte de Santos rumo ao rio Sena (França).
Diante do impasse no Porto de Santos, em que se tornou para a Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) consolidar e conformar os fluxos de passageiros do Terminal de Cruzeiros Marítimos e de instalar na mesma zona um terminal para movimentar fertilizantes, convém reformular posicionamentos, ampliando a visão do porto, com olhar histórico, logístico e urbano. Assim, analisar a linha de armazéns com cais abandonados e com localização adequada para escoar produtos por ferrovias.
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Trata-se da linha dos primeiros armazéns do Porto de Santos, na Av. Xavier da Silveira, onde outrora havia também um terminal de trigo. Ironicamente, para onde há um projeto, sem pé nem cabeça, para construir um Terminal de Cruzeiros Marítimos, em substituição ao atual. Acrescente-se que, no final do tempo da histórica Portobrás, foi desenvolvido um projeto para avançar esses cais sobre o mar. Solução incongruente, como é também a área atualmente cogitada, para logística rodoviária intensa.
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Esta condição não é impedimento para viabilizar o terminal de fertilizante, que tem como uma das suas justificativas o frete de retorno dos trens. Ambientalmente, fica totalmente apartado da zona urbana, com escoamento por lado de mar, onde já há instalada rede de linhas ferroviárias. Dessa forma, será possível atender à demanda de fertilizante com atitude ESG (ambiental, social e governança), com um terminal de grande produtividade.
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Diferente do que alguns pensam sobre a localização do Terminal de Cruzeiros Marítimos e propõem sua transferência para o centro da cidade, ele está bem situado em relação a este centro e à orla da praia, considerando as facilidades necessárias para esse tipo de turistas. Portanto, o desafio de instalar um terminal de fertilizantes não deve e nem necessita passar por essa zona da cidade. Pois seria uma péssima solução estar localizado próximo ao urbano e de onde, em breve, será instalada uma Faculdade de Tecnologia – FATEC.
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A crise da Rússia com Ucrânia pressiona o comércio de fertilizantes, de fortes reflexos para o Brasil, um gigante do agronegócio. Portanto, não há tempo a perder. Aumentar a movimentação de fertilizantes é urgente, deve e pode ser implementada com logística de primeiro mundo.
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