Santos tem um porto e o porto tem uma cidade
Não convém ao Porto de Santos e muito menos à cidade o projeto STS53, para implantar um terminal de fertilizantes, que o ministério da infraestrutura - Minfra e a Agência Nacional de Transportes Aquaviários - Antaq insistem em defender com demonstrações livrescas e visão estreita. Sem expandir a área portuária, ameaça degradar a cidade e reduzir a produtividade logística, por não utilizar a vocação da margem esquerda do estuário com a construção da prioritária pera ferroviária.
Transatlântico na entrada do Porto de Santos (SP). Acervo Portogente.
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O estrago de véspera dessa desregulação vai recair sobre o Terminal de Cruzeiros Marítimos Concais, que é fruto de planejamento e investimentos robustos. Essa estrutura fundamental na relação porto e cidade já tem programação de 35 atracações para a temporada 2022/23, num só berço, enquanto espera o que foi acordado pela SPA. Esse principal terminal de turismo marítimo do Brasil, é tão obrigatório para um porto na dimensão do de Santos, como é a geladeira num quarto de hotel com qualidade. Quando se valoriza o conceito: propósito antes do lucro.
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O retorno dos vagões vazios, portanto sem frete, ocorre não por impossibilidade de movimentar descarga de fertilizante dos navios com produtividade e sustentabilidade. Falta gestão, como Portogente vai demonstrar no debate do Porto de Santos com os candidatos da eleição/22. Para a transparência necessária ao entendimento das coisas e das ações, é essencial tornar pública a conversa havida entre o prefeito de Santos e o diretor-geral da Antaq, na sexta-feira última, 24.
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Convém ao atual ministro da Infraestrutura, Marcelo Sampaio, dado a promover aparições nas redes sociais, também fazer uma consulta aos turistas de cruzeiros marítimos por Santos, o que eles acham de acabar com esse terminal. Navio turístico e movimentação de adubo é um quadro horroroso que faz parte do passado longínquo do Porto de Santos. Quando os turistas lambuzavam os sapatos com adubo, caminhando pelo cais do terminal improvisado, para conhecer a cidade.
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Tempo é uma possibilidade que o Brasil não pode desperdiçar. Com o cenário social que se assiste por nossas ruas, com catadores de comida em lixo, nossos projetos devem ser sérios. Ainda que se justifiquem pelo rito, não devem e não necessitam ser tão ruidosos. Temos muitos atrasos para superar em nossos portos. E, também, condição de fazer o que os Guinle realizaram em Santos no final do Sec XIX.
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