A Indústria 4.0 não é uma prerrogativa de justiça social, medidas governamentais, por exemplo, são necessárias para que País não sofra ainda mais com o aumento do desemprego e da desigualdade.
A confederação nacional que reúne diversos profissionais liberais (CNTU), entre esses os engenheiros, realizou, no dia 16 último, na capital paulista, importante debate sobre a indústria 4.0 e a inteligência artificial (IA) num país como o Brasil, precário em estruturas sociais e em infraestrutura.
Todos os avanços tecnológicos e digitais que impulsionam a indústria 4.0
não são suficientes, por si só, para mudar a "cara" do Brasil. Imagem: Freepik.
Nesse sentido, interessante destacar o posicionamento do Thomaz Ferreira Jensen, do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), de que a Revolução 4.0 representa ameaças ao trabalhador brasileiro, tendo em vista as dificuldades nacionais. Entre elas, o fato de o Brasil não ter conseguido instalar devidamente a Revolução 3.0, nem se tornado um país de renda média, e sofrer hoje um processo de desindustrialização precoce. Completa o quadro o baixo padrão de investimento em inovação. “Estamos fora do jogo”, resumiu.
Para que os avanços tecnológicos se traduzam em melhores condições de vida, Jensen afirmou ser necessária a retomada do processo industrial. Caso contrário, não haverá como reverter o alto desemprego, que ultrapassa os 25% entre os jovens de 18 a 24 anos. Pelo contrário, o fenômeno poderá se agravar, já que, segundo previsões, 35 milhões de pessoas podem ficar desocupadas devido à automação até 2026.
Com isso, explicou o pesquisador, esbelece-se a tendência de polarização das funções e das rendas: oferta daquelas com baixa remuneração e precarização, notadamente no setor de serviços, e também das mais bem pagas, vinculadas à incorporação da tecnologia. “O fosso no meio é o esvaziamento das profissões liberais”, asseverou.
* Informações do site da CNTU | Redação Rita Casaro