Ainda que o recém-empossado Ministro dos Transportes, Portos e Aviação Civil, Valter Casimiro Silveira, não apresente as tradicionais qualificações para o cargo, de político ou técnico, mesmo assim pode fazer acontecer a necessária movimentação ágil de mercadorias e pessoas. É o que o Brasil espera.
Estranho que seu discurso de posse não destacou as metas mais urgentes para agilizar a logística portuária: promover a navegação em escala e acelerar as decisões nos portos. Enfatizou as soluções de balcão, dos arrendamentos de áreas portuárias, sem colocar essa visão no contexto do negócio do porto e garantir movimentação eficiente e econômica aos operadores portuários.
Implantar nos portos brasileiros um modelo de contrato de dragagem por resultado, a exemplo das rodovias, é condição necessária à competitividade e para evitar fuga de carga para portos concorrentes. É bom destacar que a solução das profundidades nos portos não está em fórmula mágica.
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Por óbvio que a verdadeira questão não é apontar problemas nos portos, mas saber o que esses problemas significam e propor soluções competentes. Daí ser urgente transferir o poder de decisão dos portos, de Brasília para a região portuária. E para dar luz abundante a esse processo e clarear ao máximo o que se propõe, Portogente promove o WebSummit Regionalização dos Portos.
O Ministério que já foi o mais cobiçado cargo político da esfera federal, hoje sequer figura entre os dez mais disputados. Significa falta de prestígio, perda de verba, entre outros valores ponderados na distribuição de poder em Brasília. Valter Casimiro aparenta não ter o poder político necessário, e talvez a ousadia, para em nove meses fazer o que seu antecessor não fez em dois anos.
Contudo, vai atravessar um período de forte disputa eleitoral à frente de um ministério com muitas questões sendo passadas a limpo. Como ministro vai poder mostrar que a aparente baixa qualificação não impede o sucesso de um líder que tenha discernimento e faça acontecer.