Sexta, 29 Março 2024

Milton Lourenço é presidente da Fiorde Logística Internacional e diretor do Sindicato dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e Logística do Estado de São Paulo (Sindicomis) e da Associação Nacional dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e Logística (ACTC)

Com investimentos em infraestrutura da ordem de 2,18% do Produto Interno Bruto (PIB) nos últimos 20 anos, segundo estudo da Confederação Nacional da Indústria (CNI), está claro que o Brasil vai continuar por muito tempo a ser considerado um país atrasado. Sem uma infraestrutura de transporte integrada e adequada, o País, dificilmente, chegará ao grupo de nações desenvolvidas na primeira metade deste século. Afinal, segundo o estudo da CNI, só para se aproximar dos demais países emergentes, o investimento deveria ficar entre 4% e 5%.

Em razão de dessa infraestrutura precária, em que todos os modais apresentam claras deficiências, o custo do frete interno para a exportação de soja, por exemplo, equivale a 25% do valor do produto. No caso do milho, chega a 50%, o que, muitas vezes, torna inviável economicamente sua exportação. A sorte é que, por enquanto, as cotações internacionais dessas commodities continuam elevadas, o que ainda justifica a manutenção do negócio. Se as cotações – que não dependem do Brasil – sofrerem alguma queda brusca, o País deixará de ser competitivo também nesses segmentos e em outras commodities.

Por tudo isso, seria recomendável que houvesse um esforço concentrado por parte do governo e dos produtores para que essas commodities passassem a ser exportadas com agregação de valor, ou seja, a partir de um processo de industrialização. Acontece que, hoje, essa saída é praticamente inviável diante do atual sistema tributário, que onera e adiciona custos com impostos ao produto durante o processamento industrial.

Como a defasagem da infraestrutura é a mesma, os custos com a logística também são acrescidos à exportação de produtos manufaturados. Afinal, a matriz de transportes remonta aos tempos do governo Juscelino Kubitschek (1956-1961) que, pressionado pelos interesses da indústria automobilística norte-americano, optou por um modal único de transportes, o rodoviário.

Desde então, houve o sucateamento de linhas férreas, de portos e aeroportos e, por fim, do próprio modal rodoviário que, para escapar do caos, teve de ser privatizado, criando maiores ônus para a sociedade, com a excessiva cobrança de pedágios.

Tudo isso tem contribuído sobremaneira para que os manufaturados percam competitividade, pois, embora não estejam sujeitos a grandes oscilações de preços internacionais, sofrem concorrência acirrada. Com isso, ficam limitados a mercados importadores próximos, como Argentina e Venezuela, por exemplo, pois já não têm fôlego para vôos mais altos. E ainda permanecem na dependência de instabilidades políticas nessas nações, como é o caso da Venezuela de nossos dias.

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