Quinta, 21 Novembro 2024

Marília Cardoso* Sócia-fundadora da PALAS, consultoria pioneira na implementação da ISO 56.002, de gestão da inovação.

Já dizia o velho ditado: enquanto uns choram, outros vendem lenços. No momento, quem está lucrando são os fabricantes e vendedores de álcool em gel, que viram as vendas dispararem e os produtos desaparecerem das prateleiras com o surto do novo coronavírus. Apesar dos lamentáveis números de infectados e mortos, minha proposta aqui é ressaltar a metade cheia do copo.

Historicamente, são as crises que criam as grandes evoluções. Analisando apenas a história do século XX, é possível notar o grande boom econômico que a humanidade viveu após a Segunda Guerra Mundial. A competitividade desenfreada entre Estados Unidos e a União Soviética criou uma verdadeira corrida pelo desenvolvimento tecnológico. Ela moldou o mundo como conhecemos hoje.

Se formos mais longe, entenderemos que o homem criou a escada porque queria mais espaço, mas não tinha terreno disponível. Cansado dos longos degraus, criou o elevador. Ou seja, toda inovação nasce de uma dor, de um problema que precisamos resolver. Eis que agora temos mais um problema, que demanda inovações.

E agora não está sendo diferente. Vimos a China construir um hospital em apenas 10 dias. Dezenas de startups criarem testes rápidos para detecção da doença ou mesmo para mapear o seu avanço pelo mundo. Em Hong Kong, robôs estão desinfetando os vagões do metrô. Dezenas de ferramentas que facilitam o trabalho remoto estão sendo liberadas gratuitamente pelas gigantes da tecnologia a fim de manter as pessoas em casa. Isso sem falar no e-commerce, que vem disparando.

A epidemia também tem estimulado a telemedicina. Um paciente do hospital Albert Einstein apresentou febre após retornar de uma viagem ao exterior e se consultou com um médico por meio de um chat online. Uma equipe foi à sua casa recolher secreção nasal para a realização do teste. Positivo, ele continua sendo tratado em casa, por vídeo.

Essas são apenas algumas das notícias que vem sendo divulgadas desde que a crise começou. E muitas outras ainda devem surgir até que o problema se encerre por completo. Então, que tal usarmos o período para analisar o que podemos fazer de diferente no nosso trabalho? Como podemos melhorar processos, simplificar, reorganizar, otimizar?

Para isso, nada como uma boa dose de criatividade. Diversos autores e especialistas no assunto defendem que existe um processo para despertar a criatividade e, ele sempre começa com um problema. Precisamos entendê-lo bem, buscando ver não apenas a ponta do iceberg, mas toda a sua profundidade. Muitas vezes, a gente acha que sabe qual é o problema, e sai em busca das respostas muito antes de fazer as perguntas certas.

Uma vez entendido o problema, precisamos nos voltar ao nosso repertório. Temos conhecimento profundo e diverso suficiente para buscar soluções inovadoras e criativas para problemas que são completamente novos? Se tivermos, iremos então para a terceira etapa do processo criativo, a conexão. É quando hormônios são jorrados ao nosso organismo promovendo sensações de puro prazer e adrenalina. É o momento “eureka”. Feita a conexão, temos que validar a ideia, a fim de avaliar se ela realmente é aplicável e se vai produzir os efeitos esperados.

Com toda essa crise do coronovírus e seus impactos à economia, meu desejo é que você busque transformar limões em deliciosas caipirinhas. Reclamar ou usar a epidemia como desculpa para fazer corpo mole nos negócios só irá agravar ainda o problema que já é de proporções lastimáveis para a saúde de tanta gente. Mexa-se e comece hoje mesmo a transformar problemas em inovações.

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*Todo o conteúdo contido neste artigo é de responsabilidade de seu autor, não passa por filtros e não reflete necessariamente a posição editorial do Portogente.

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