Uma forte tempestade com mais de 200 raios e ventos de até 108 quilômetros por hora, equivalente a um ciclone tropical, atingiu a zona sul de São Paulo na tarde de ontem e causou o destelhamento dos hangares de quatro empresas no Aeroporto de Congonhas. Uma casa na Rua João Carlos Mallet, em frente ao hangar 8 da empresa TAM Marília, foi atingida pela estrutura metálica e telhas às 17h05, ferindo levemente duas pessoas que trabalhavam na rua e a dona do imóvel. Os três sofreram ferimentos leves. Outras quatro casas ficaram danificadas - os moradores foram levados para um hotel na região.
Os galpões são de jatos executivos e helicópteros, segundo a Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária (Infraero), e pertencem às empresas Flamingo, Morro Vermelho, Première e TAM Marília. Pelo menos cinco helicópteros e dois aviões de pequeno porte acabaram danificados.
Por causa da chuva, a pista principal de Congonhas chegou a ficar fechada para pousos e decolagens entre 16h03 e 16h40. Às 18 horas, os painéis registravam 32 vôos com atrasos
A Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) informou que parte da estrutura de uma plataforma caiu na pista sentido centro da Avenida Washington Luís, ao lado do aeroporto. Ao menos 12 casas e lojas da Rua João Carlos Mallet e da Avenida dos Bandeirantes também sofreram destelhamento.
A chuva forte ainda deixou todas as regiões em estado de atenção, conforme o Centro de Gerenciamento de Emergências (CGE). Até a Central de Atendimento 156 da Prefeitura ficou fora do ar e não pôde registrar pedidos de serviço. O temporal diminuiu às 17h15, mas a cidade estava travada no eixo sul-norte. Às 19h30, São Paulo tinha 103 quilômetros de congestionamento - 20% acima da média, de 85 quilômetros.
Para piorar a situação, duas linhas de subtransmissão da Eletropaulo foram afetadas por um raio, o que deixou nove bairros sem luz - Santo Amaro, Moema, Planalto Paulista, Indianópolis, Jardim Aeroporto, Vila Clementino, Alto da Boa Vista, Saúde e Vila Mariana. O Aeroporto de Congonhas ficou sem luz até as 21h57. Semáforos deixaram de funcionar desde as 17 horas, provocando lentidão no trânsito.
Os trabalhos dos técnicos da Eletropaulo para restabelecer o fornecimento foram dificultados por árvores, pedaços de telhado e até um outdoor, que caíram sobre postes. O Corpo de Bombeiros atendeu a 51 chamados na zona sul, onde mais de 50 árvores caíram, sem deixar feridos.
Até as 21 horas, o fornecimento de luz não havia sido normalizado por completo na capital. Às 23 horas, 90% das 195 mil residências atingidas já tinham luz de novo. Moradora do Planalto Paulista, a designer Cristina Cruz Barella viu os estragos do temporal quando voltava para casa. “Muitas árvores caíram nas ruas vizinhas”, comentou.
Fonte: O Estado de S.Paulo - 04 ABR 07