No dia 23 de junho último, a Associação Brasileira de Terminais Portuários (ABTP) participou de audiência pública na Comissão de Viação e Transportes da Câmara, em Brasília, a respeito da situação atual do setor portuário. A pauta girou em torno dos principais gargalos e limitações que tornam os portos menos eficientes nas operações de embarque/desembarque em comparação à agilidade do fluxo de cargas observada nos grandes terminais internacionais.
O embaixador Marcos Azambuja, em evento com a presença do ministro Edinho Araújo, da Secretaria de Portos (SEP), em São Paulo, citou o exemplo exitoso da Holanda – país da Europa ocidental – para mostrar que o setor portuário brasileiro precisa ser visto com muita atenção e planejamento. “A Holanda deve sua prosperidade, desde o século XVII, ao porto de Amsterdã e, atualmente, ao de Roterdã.”
A previsão de investimento de R$ 69,2 bilhões em transporte deve impulsionar em 0,5% o crescimento da economia brasileira até o ano de 2018. A estimativa é do ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão, Nelson Barbosa, após o lançamento da nova etapa do Programa de Investimento em Logística (PIL). Segundo ele, essa etapa de investimentos acompanhará um modelo bem sucedido de concessões. O ministro informou que as licitações começarão a ser feitas no segundo semestre de 2015.
O consultor de Infraestrutura e Logística, da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Luiz Antônio Fayet, em evento recente em São Paulo, afirmou que, mesmo com perdas de até 4 milhões de toneladas de soja e milho, ocorridas no decorrer de 2014, em consequência das deficiências na infraestrutura, que elevam os custos de transporte, tornando insuportáveis para o setor produtivo brasileiro, até 2020 o Brasil ultrapassará os Estados Unidos, tornando-se o maior exportador de alimentos do mundo.
Com infraestrutura insuficiente, a soja de Mato Grosso viaja dois mil quilômetros por estrada até os portos dos estados do Sudeste, encarecendo o produto brasileiro. A saída mais fácil para o exterior seria pelos imensos rios amazônicos e portos do Pará ou Amapá – que hoje conseguem escoar só 15,2% da produção. Segundo o governo, a nova etapa do Programa de Investimento em Logística (PIL), lançado no começo de junho, deve corrigir essa distorção. Para a Confederação Nacional da Agricultura (CNA), as concessões anunciadas têm um foco muito claro na porta de saída das exportações do setor pelo “Arco Norte”, o que pode descongestionar gradativamente o movimento em portos como o de Santos (SP).