A manifestação desalentada do fundador e presidente da Bandeirante Dragagem, Ricardo Sudaiha, que tem uma longa vida profissional renhida e dedicada à dragagem portuária, acende a luz vermelha alertando da ameaça ao comércio marítimo do Brasil. É oportuno lembrar que com a globalização da economia mundial, a competitividade econômica de um país está atrelada cada vez mais a sua capacidade de movimentar cargas em seus portos, com eficiência.
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Os portos globais estão enfrentando desafios sem precedentes. O principal é a dimensão dos navios porta-contêineres, que exigem maior profundidade para navegação. Estamos falando de manter os portos com suas profundidades de projeto. A manutenção é necessária para retirar o material assoreado natural e continuamente dos canais de acesso, bacias de evolução e berços de atracação. No entanto, há muitos anos esse trabalho vem sendo realizado com muita ineficiência, no Brasil. Mas, como alerta Sudaiha, um país com 8.000km de costa não pode continuar sem estratégia de dragagem.
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Historicamente, a localização dos portos tem sido selecionada para otimizar o acesso à terra e águas navegáveis, com objetivo de atender demandas comercial e militar. A equação para definir essa otimização leva em consideração as variáveis profundidade de suas águas, ser mais eficiente e ter baixo custo, tendo como referência a logística e cadeias de suprimento globais. Atender a essas condições depende muito da governança e operação dos portos. Por mais de 11 mil portos e terminais passam todo tipo de mercadorias produzidas ao redor do mundo, e torna o negócio portuário uma atividade complexa. Impossível de se admitir que esse negócio tenha sucesso sob a condução de amadores ou aventureiros.
Sem sombra de dúvida, o desafio do Brasil para promover uma retomada vigorosa do crescimento econômico, com geração de empregos, é a promoção das exportações brasileiras. Entretanto, para o sucesso dessa empreitada deve ter portos eficientes, de gestão descentralizada e que funcionem como molas propulsoras do desenvolvimento, ao mesmo tempo, sendo importantes instituições econômicas por si próprios. Profundidade é a condição primeira para possibilitar que o navio chegue até a carga que lhe espera no cais.
O debate para definir um novo modelo de dragagem dos portos há que ter competência, transparência de objetivos e circunscrito à manutenção das profundidades dos portos brasileiros. Para dar a notabilidade necessária há muita experiência em dragagem e um modelo desenvolvido no Porto de Santos, defendido por Portogente – privatizar a tarifa I. -, para contribuir na busca da solução que atenda aos interesses do Brasil. É preciso evitar mais perdas de tempo.