Em 2010, o ex-senador Demóstenes Torres – político do DEM do Estado de Goiás, acusado de participação em esquemas criminosos do bicheiro Carlinhos Cachoeira , curiosamente foi “acometido” de uma grande preocupação com assuntos portuários e marítimos. Tanto era seu “interesse” que decidiu começar desmantelando um serviço de excelência realizado nos mares brasileiros, praticagem, e apresentou o Projeto de Lei do Senado 117/2010. Na justificativa do seu projeto, uma outra curiosidade (aqui sem mera coincidência), é mencionado, textualmente, um trabalho do Centro de Estudos em Gestão Naval (CEGN): “Estudo realizado em 2008 pelo Centro de Estudos em Gestão Naval....concluiu que no Porto de Santos, por exemplo, os custos de praticagem poderiam ser reduzidos em até 54%.” Demóstenes seria logo depois, em 2012, cassado por falta de decoro parlamentar.
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O trabalho do Centro, citado pelo parlamentar cassado, e que consta da bibliografia consultada pelo Conselho Nacional de Assuntos de Praticagem (CNAP), consistiu de um arrazoado pseudocientífico, inicialmente apócrifo, repleto de incorreções, vícios e manipulações, que aparentemente teria sido totalmente desacreditado em pouco tempo. Teve o único intuito de inventar subsídios para fazer, nos idos de 2009, o que a CNAP pretende agora implantar. Todavia, é um trabalho cuja fonte de financiamento até hoje não é oficialmente conhecida, mas para a qual há suspeita de pagamento por uma grande empresa estrangeira de navegação.
A autoria daquele trabalho foi depois identificada como sendo do engenheiro Marcos Pinto. Em 2010, o engenheiro David Goldberg assinou e publicou, em conjunto com Pinto, a tradução para o inglês daquele trabalho do CEGN sobre praticagem.
Goldberg recebeu um efusivo agradecimento no trabalho de pós-graduação do economista Guilherme Penin Santos de Lima que é, nada mais, nada menos, quem cuida, atualmente, na Casa Civil da Presidência da República – ou seja, subordinado de Gleisi Hoffmann – do assunto praticagem.